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terça-feira, 27 de abril de 2010

NÃO FALE DEMAIS


Estresse vocal

Pesquisa feita pela USP mostra que o sofrimento emocional leva a problemas na voz, assim como falar excessivamente

Três anos à frente da sala de aula minaram a saúde e o sonho da professora Edriane Madureira Daher, 39 anos, de mudar o futuro de crianças pobres por meio da educação. Em 1992, ela perdeu a voz. Um calo nas cordas vocais a afastou da atividade de lecionar.

Além do uso excessivo da voz – eram três períodos de aulas por dia –, a professora tinha de lidar com situações de intenso estresse. Faltava material, incluindo papel e giz, a escola carecia de limpeza e as salas eram superlotadas.

De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), o estresse está diretamente relacionado aos distúrbios vocais. A fonoaudióloga Susana Giannini avaliou 167 professores da rede municipal de São Paulo e os comparou a 105 colegas de trabalho, que lecionavam nas mesmas escolas, mas que não apresentavam problemas de saúde. A pesquisa mostrou que, no primeiro grupo, 70% dos que tinham algum distúrbio vocal também estavam esgotados pelo excesso de trabalho. Já entre os professores saudáveis, o índice de excesso de trabalho e pressão foi de 54,4%.

Segundo a fonoaudióloga, mesmo sem perceber, o professor acaba se cansando e ficando irritado ao ter de elevar a voz, coisa que acontece principalmente em salas lotadas e com acústica deficiente. Na pesquisa, ela também concluiu que a falta de autonomia é um fator agravante para o desenvolvimento de distúrbios vocais.

O otorrinolaringologista Ronaldo dos Reis Américo, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, explica que o sistema límbico, que controla, no cérebro, a parte emocional do ser humano, também está relacionado ao sistema nervoso motor.

De acordo com o médico, o primeiro sinal de que algo não vai bem é a rouquidão que aparece sem que a pessoa esteja resfriada, e persiste por mais de 17 dias.

– Com o passar do tempo, a pessoa sente dores musculares e uma sensação de aperto na garganta. Essa alteração pode favorecer o aparecimento de nódulos e pólipos na prega vocal, sendo que nesse último caso, é preciso fazer cirurgia – diz.

As doenças

A voz pode ser afetada por problemas que vão desde a rouquidão até tumores

DISFONIA

Caracteriza-se pela dificuldade na emissão da voz. Formas de manifestação:

> Pigarros, ardência na garganta, esforço durante a emissão da voz, dificuldade em manter a voz, cansaço ao falar, variações na frequência habitual, rouquidão, falta de volume e projeção, perda da eficiência vocal, pouca resistência ao falar, tensão na musculatura cervical

LESÕES FUNCIONAIS

Nódulos

Resultam de fatores anatômicos predisponentes (fendas triangulares), personalidade (ansiedade, agressividade, perfeccionismo) e do comportamento vocal inadequado (uso excessivo e abusivo da voz). O tratamento fonoterápico ou cirúrgico.

Pólipos

Inflamações decorrentes de traumas em camadas mais profundas da lâmina própria da laringe, de aparência vascularizada. O tratamento é cirúrgico. A voz típica é rouca. As causas podem ser abuso da voz ou agentes irritantes, como alergias e infecções agudas.

Edemas

São localizados e agudos. O tratamento é medicamentoso ou por meio de repouso vocal. Os edemas generalizados e bilaterais representam a laringite crônica, denominada Edema de Reinke. É encontrado em pessoas expostas a fatores irritantes externos, especialmente o tabagismo.

Laringite crônica

Agravamento das irritações crônicas da laringe. Os sintomas são rouquidão e tosse, com sensação de corpo estranho na garganta, aumento de secreção, pigarro e, ocasionalmente, dor de garganta.