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quinta-feira, 10 de junho de 2010

A Importância do Fonoaudiólogo na Adaptação da Prótese Auditiva


A Importância do Fonoaudiólogo na Adaptação da Prótese Auditiva

O objetivo deste artigo é salientar e ressaltar a importância do papel do fonoaudiólogo na adaptação do aparelho de amplificação sonora individual (AASI) nas pessoas portadoras de perda auditiva.

Introdução:

O papel da audição na comunicação humana é de extrema importância para o desenvolvimento social.

Para o deficiente auditivo candidato ao uso da amplificação, a adaptação da prótese auditiva tem um papel fundamental no seu processo de habilitação e/ou reabilitação.

Ao surgir, os problemas auditivos podem vir a ser corrigidos por meios de tratamentos clínicos e intervenções cirúrgicas, porém existem perdas auditivas para as quais nenhum tratamento é possível.

Para estes casos, as próteses auditivas são instrumentos importantes.

Todo indivíduo portador de problema auditivo deverá fazer inicialmente uma avaliação otorrinolaringológica. Doenças otológicas progressivas, doenças sistêmicas com repercussões sobre o aparelho auditivo, necessitam ser descartadas ou tratadas convenientemente. Diante do diagnóstico do otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo é o profissional que assume a coordenação do processo de habilitação ou reabilitação do deficiente auditivo.

A adaptação em crianças:

O diagnóstico precoce possibilita a intervenção dos profissionais envolvidos no processo de habilitação da criança, antes que este sujeito se encontre seriamente marcado pelas conseqüências da deficiência auditiva. Sabe-se que a deficiência auditiva acarreta na criança não apenas alterações no desenvolvimento da linguagem, mas também nos aspectos cognitivo, social, emocional e educacional, sendo estas implicações secundárias que serão minimizadas com o uso precoce da amplificação. Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado e a prótese adaptada, melhores serão as possibilidades de aproveitamento dos resíduos auditivos desta criança.

A adaptação da prótese auditiva é uma das condições fundamentais para que a criança deficiente auditiva desenvolva todo o seu potencial, o que ocorrerá apenas quando ela utilizar plenamente o instrumento, isto é, em todas as horas do dia. Este processo dependerá da participação da família, sendo que o sucesso na utilização do aparelho pela criança estará diretamente relacionado à atitude e à educação dos pais.Muitos fatores estão relacionados à rejeição da prótese, e um dos principais é a não aceitação por parte da própria família.

A adaptação em adultos:

Já o processo de reabilitação no adulto, é um resgate, onde a audição com a prótese se transforma numa redescoberta do sentido, tão importante nas relações humanas, no seu contato com o mundo. O objetivo principal do trabalho de orientação e aconselhamento de indivíduos adultos, deve ser a resolução das dificuldades específicas ligadas direta ou indiretamente à perda auditiva.O paciente deve estar envolvido ativamente no processo de reabilitação para que seja possível o estabelecimento de condições facilitadoras para a mudança de atitudes e a busca de soluções.Chama-se de solução não apenas o uso efetivo da prótese e de estratégias que facilitem o desempenho do indivíduo na comunicação, como também a aceitação e melhor convivência com uma nova forma de vida.

Com a perda da audição surgem também sentimentos de insegurança, medo e até incapacidade.

A dúvida quanto à possível progressão da perda é algo que pode deixar o indivíduo inquieto. As dificuldades de comunicação fazem com que duvide de suas capacidades e habilidades, tanto profissionalmente quanto pessoalmente, levando à mudança na qualidade de vida, depressão e isolamento.

O paciente adulto deve entender o que é uma prótese auditiva, como funciona e ser capaz de manipular todos os controles externos e obter o máximo aproveitamento possível em cada situação e ambiente acústico.

Na seleção e adaptação de próteses, questões relevantes são colocadas:

1-Qual o tipo de prótese a ser utilizada?

2-Qual o tipo de adaptação: monoaural? Binaural?

3-Qual o tipo: analógico?Programável? Digital?

4-Qual o tipo de amplificação: linear ou não linear?

5-Quais as características eletroacústicas mais apropriadas? Ganho máximo, saída máxima?

O sucesso depende destas decisões e da adaptação, que deve ser bem sucedida, pois se não for, a prótese não será utilizada, sendo inclusive rejeitada, e o deficiente auditivo continuará com as dificuldades da sua deficiência.

A Utilização da Prótese Auditiva

A utilização depende não só da seleção do modelo adequado e de moldes perfeitamente ajustados, como principalmente do processo de adaptação do indivíduo à amplificação. Este processo auxilia a pessoa a aceitar e incorporar a prótese auditiva no seu dia a dia, beneficiando-se ao máximo da sua utilização.

Importantes quanto à seleção das características eletroacústicas, modelo e regulagem adequada, são as orientações, acompanhamento e aconselhamento ao usuário.

Estas orientações e aconselhamentos, o fornecimento de informações, explicações e suporte para orientar as opções, comportamentos e atitudes dos deficientes auditivos e às suas famílias, destinam-se a capacitar o indivíduo a encontrar as soluções para as suas dificuldades. Interferem e influenciam desde a aceitação da perda auditiva, até o seguimento das orientações na reabilitação.

O Papel do Fonoaudiólogo

A confiança, a integração e a credibilidade do paciente e da família ao profissional fonoaudiólogo são de suma importância para a evolução do processo de adaptação.

A empatia, o calor humano, compreensão e respeito, proporcionam a confiança para o paciente aceitar, assimilar e agir conforme as informações recebidas.

A essência do processo se dá quando o paciente se envolve em seu tratamento.

Aconselhamentos:

1-Informação geral sobre a perda auditiva e sobre a prótese auditiva. É fundamental que o usuário entenda a forma de operação da prótese auditiva, conheça seus componentes, localização e função de cada controle, a fim de utilizá-la como um instrumento efetivo no aproveitamento de seus resíduos auditivos, desmistificando a imagem de equipamento de difícil adaptação e manipulação.

2- Na medida em que se sabe que a prótese auditiva "não devolve a audição normal" e que, mesmo usando a prótese, algumas dificuldades ainda irão persistir, é importante incluir nas orientações, explicações sobre a utilização de pistas adicionais e estratégias de comunicação. O objetivo é conseguir melhor aproveitamento e desempenho possíveis, para facilitar a comunicação e melhorar a qualidade de vida do deficiente auditivo. A afetividade, emoções, sentimentos e atitudes envolvidos, devem ser considerados.

Histórico:

Num passado bem próximo, após a indicação da prótese pelo médico otorrinolaringologista ou médico da família, o paciente adquiria o aparelho diretamente nas empresas, através de um vendedor. O trabalho de seleção/orientação e uso efetivo era inexistente. Não havia continuidade do serviço, e a prótese não era vista como parte integrante na habilitação e/ou reabilitação do deficiente auditivo.

A situação foi mudando à medida que os fonoaudiólogos envolveram-se neste trabalho.

Hoje para o aproveitamento efetivo da amplificação, é indiscutível a importância da participação do fonoaudiólogo, que proporciona uma utilização adequada e bem sucedida do aparelho.

NORTHERN e DOWNS (1991) ressaltam que o papel do fonoaudiólogo é aconselhar o próprio paciente, pais e familiares sobre os aspectos da perda auditiva, da deficiência, da prótese e de seu uso, dando suporte emocional, acompanhando o progresso do paciente, garantindo o benefício do uso da prótese em condições de funcionamento possíveis, organizando a terapia e treinamento especial.

Também ERDMAN (1993) afirma que devido à compreensão da deficiência auditiva e dos problemas dela originados, os fonoaudiólogos são os profissionais mais habilitados para aconselhar os deficientes auditivos e seus familiares.

A (ASHA,1984) American Speech Language Hering Association, destaca o aconselhamento como requisito mínimo para aqueles que oferecem serviços de reabilitação auditiva. O profissional fonoaudiólogo deve estar preparado para aconselhar o indivíduo a respeito das dificuldades geradas direta ou indiretamente pela perda auditiva, auxiliando-o a encontrar solução para os problemas.

Assim sendo, o paciente e a família podem encarar a perda auditiva de forma diferente, pois as dificuldades variam segundo o grau da perda, a personalidade e as condições ambientais.

Conclusão:

Não existem reações semelhantes ou uniformes, cada caso é avaliado e acompanhado em particular, recebendo o suporte e informações apropriadas.

Diante da velocidade dos avanços tecnológicos, a atualização dos profissionais da área de seleção e adaptação de prótese auditiva deve ser uma constante, pois o aprimoramento proporciona maior aceitação, envolvimento e melhores condições no atendimento, beneficiando o tratamento do nosso paciente.

Por Danuza Prates Veloso Souto