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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Distúrbios da fala/linguagem de crianças


Aprender os sons da fala é uma das muitas habilidades que a criança deverá adquirir nos primeiros anos de vida. Essa aquisição segue uma sequência mais ou menos padrão, mas algumas crianças podem apresentar desvios nesse processo, não adquirindo os fonemas na época esperada. Tal alteração é a mais frequente entre os distúrbios da comunicação sendo que a ocorrência na população brasileira atinge índices de até 30%.

O processo de aquisição da fala por parte da criança está totalmente ligado à educação exercida pelos pais e professores.

Estimulação é fundamental:
         Repetir palavras e frases sempre da maneira correta;
         Ler para a criança, contando estórias com variação de voz e de forma entusiasmada;
         Solicitar que ela reconte estórias ouvidas;
         Incentivar conversas e diálogos;
         Evitar palavras no diminutivo (ex.: bolinha);
         Nomear objetos e ações do dia-a-dia;
         Valorizar tudo o que a criança aprende, mesmo que seja de forma mais lenta.
         Imitar sons dos animais como “auaua, miau..miau..” referindo em seguida o nome do animal.

Ficar atentos se…
         Há dificuldade para entender as palavras;
         Usa gestos para comunicação;
         Escuta bem;
         Fala muito alto ou muito baixo;
         Omite ou troca alguns sons.

Muitas crianças apresentam distúrbios de fala, o que pode afetar o convívio social e trazer problemas no aprendizado. É importante que pais e educadores saibam identificar esses desvios para fazer o encaminhamento a um fonoaudiólogo e demais profissionais que possam vir a se envolver no tratamento.

Dificuldade de aprendizagem
O termo ‘dificuldade de aprendizagem’ começou a ser usado na década de 60 e até hoje – na maioria das vezes – é confundido por pais e professores como uma simples desatenção em sala de aula ou ‘espírito bagunceiro’ das crianças. Mas a dificuldade de aprendizagem refere-se a um distúrbio – que pode ser gerado por uma série de problemas cognitivos ou emocionais – no qual pode afetar qualquer área do desempenho escolar.

Dificuldades de aprendizagem referem-se a alterações no processo de desenvolvimento do aprendizado da leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático, podendo estar associadas a comprometimento da linguagem oral.

Na maioria dos casos é o professor o primeiro a identificar que a criança está com alguma dificuldade, mas os pais e demais membros da família devem ficar atentos ao desenvolvimento e ao comportamento da criança:

Observe:
         Atraso no desenvolvimento da fala;
         Desmotivação e incômodo com as tarefas escolares;
         Sentimento de incapacidade, que leva à frustração, entre outros.

É importante:
         Valorizar o que a criança sabe para fortalecer sua auto-estima;
         Mostrar para a criança o quanto ela é boa em tarefas na qual tem habilidade e incentivá-la a desenvolver outras tarefas nas quais ela não é tão boa;
         Criar um ambiente adequado para que ela desenvolva o estudo;
         Estabelecer limite de horários para a realização das tarefas.
         Ficar atento ao horário do sono da criança. Dormir bem é muito importante no processo da aprendizagem.

Por Centro de Fonoaudiologia Ligia Motta 

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ser fono... é

TERAPIAS

Atender um paciente requer muito mais que um estudo focado naquele diagnóstico, ou naquela queixa. Requer um compromisso mental e espiritual com aquele ser humano que "chega"e precisa que você (você mesmo!) dê um jeito, resolva, ou até mesmo minimize algum problema.

Acredito que a fé em Deus e nos espíritos elevados e de luz, me dá base para conduzir as coisas sempre com muito amor, dedicação e paciência.

Uma grande descoberta pessoal é que sempre  é preciso aprender pra poder ensinar, é um ciclo que não pode acabar. Todos os dias aprendo muito com cada paciente, levo embora um pouquinho deles e deixo um pouquinho de mim e do que já fui aprendendo.

Só quero um espaço compartilhado para falar sobre sentimentos como esse, que não poderiam ficar aprisionados dentro da cabeça!



domingo, 24 de outubro de 2010

A importância da nossa audição


Uma das áreas de atuação da fonoaudiologia é a audiologia, nela estudamos a audição. O fonoaudiólogo é o profissional graduado apto a realizar o exame da audição, que chamamos de Audiometria e Impedânciometria. A audição é a função que nos permite receber e reagir diante dos sons e segundo estudos começa no período intra-uterino e é aguda mesmo antes do nascimento. Nosso ouvido tem como principais funções o equilíbrio e a audição, que são de vital importância para o ser humano.
 O equilíbrio é responsável por nos manter em pé e pela locomoção enquanto através da audição podemos desenvolver a linguagem e nos comunicar com as outras pessoas. Num mundo moderno de poluição sonora, ou seja, de ruídos desagradáveis aos nossos ouvidos (barulho de brinquedos, sons de maquinas, discotecas, carro de som, entre outros) valorizamos pouco a nossa audição e muitas vezes sentimos que ela está ruim, mas sempre achando que é normal e vai passar. Independente da idade deve-se estar atento a sua audição sempre.  O bebê ao nascer deve realizar a triagem auditiva neonatal através do exame da audição chamado de Emissões Otoacústicas (EOA) também conhecido como teste da orelhinha, com ele podemos detectar possíveis problemas auditivos precocemente facilitando o tratamento.     A criança em fase pré-escolar e escolar esta em pleno desenvolvimento da comunicação e deve também realizar o exame audiológico, pois criança que ouve bem terá menor chance de ter problemas de aprendizagem, deve-se estar atento a inflamações de ouvido (otites), pois podem causar perdas auditivas.     Adolescentes que escutam música alta, com uso de fone de ouvido direto, por horas seguidas, devem realizar o exame audiométrico, pois ao longo do tempo podem ter perda auditiva, levando a surdez.     Adultos que normalmente em seu ambiente de trabalho se expõe a ruídos, barulhos, som alto, tem que realizar periodicamente exame audiométrico para evitar perda da audição. É considerada uma doença de caráter irreversível e de evolução progressiva, passível de prevenção.     Com a idade ocorre o envelhecimento também do sistema auditivo, desta forma os idosos também devem realizar o exame audiométrico para evitar a surdez.
Quando a perda auditiva é detectada de forma precoce torna-se mais fácil a indicação e adaptação de aparelho auditivo.     O exame audiológico é de extrema importância em todas as idades, desde o bebê até o idoso, é indolor, de fácil realização e leva em média de 30à 40 minutos para se realizar. Enfim, é muito importante cuidar da sua audição! Sempre que observar qualquer possível alteração na sua audição, ou suspeitar de perda auditiva procure um médico otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo!    
Por Nélia Rhein Cordeiro

sábado, 23 de outubro de 2010

Atuação fonoaudiológica na UTI


O fonoaudiólogo no âmbito hospitalar integra a equipe de saúde atuando em forma multi ou interdisciplinar. Esta atuação é caracterizada com objetivos de prevenção, diagnóstico funcional e reabilitação propriamente dita. Objetiva assim, a redução e prevenção de complicações como a pneumonia aspirativa, e o restabelecimento da alimentação via oral e da comunicação.
A atuação do fonoaudiólogo em UTI tem como principais objetivos: a avaliação, orientação e reabilitação. A avaliação tem início com uma anamnese completa, avaliação propriamente dita direcionada para as alterações fonoaudiológicas, ou seja, linguagem, deglutição, voz e /ou fala.
A disfagia é uma das alterações fonoaudiológicas que mais solicitará a presença de um fonoaudiólogo na UTI em caráter emergencial, devido às series de complicações que podem gerar no estado de saúde do paciente.
A avaliação clínica da deglutição do paciente é realizada sempre monitorando o mesmo, quando o quadro clínico deste, encontra-se estável. Após a avaliação, discuti-se com a equipe os reais riscos e /ou benefícios que o inicio da deglutição via oral pode trazer.
Quais os pacientes deverão ser avaliados pelo fonoadiólogo na UTI ?
·         Seqüelados de A.V.E (Acidente Vascular Encefálico);
·         T.C.E (Traumatismo Cranio-Encefálico);
·         Quadros demênciais;
·         Parkinson / Alzheimer;
·         Doenças neuromusculares;
·         Traqueostomizados;
·         Recém-extubados;
·         Pacientes com o uso de sonda nasoenteral.
Quanto à orientação na UTI poderá ser pré e/ou pós-operatório nos casos em que há seqüela fonoaudiológica. Pode ser feita ao paciente, a equipe e/ou familiares quanto à estimulação, melhor consistência do alimento e a quantidade da via oral assistida.
Os exercícios fonoterápicos para o treinamento da alimentação via oral visam às adequações das funções orais para retirada da sonda de alimentação com segurança e controle do risco de broncoaspiração, favorecendo e acelerando o processo de alta da UTI.
A atuação da fonoaudiologia na UTI é um trabalho tanto no sentido de manutenção da vida, porque previne as complicações, quanto de qualidade de vida. Permite que o paciente volte a se alimentar pela boca, mantendo um suporte nutricional adequado.
Por Cleyton Amorim, Fabiana Miranda, José Henrique, Juarez Belmiro, Karla Isabelle, Lorena do Carmo, Raphaella Teixeira

Anamnese RN

Fala elado… fique de orelha em pé!





Você já ouviu alguém falando errado? Trocando um som pelo outro? Trocando letras, sílabas, articulando mal ou falando igual ao Cebolinha? Acho que sim, não é?!  Todos nós já ouvimos uma pessoa próxima ou mesmo um desconhecido que não fala corretamente, não articula ou combina bem os sons, o que torna sua fala difícil ou impossível de entender. Em alguns casos o resultado soa até engraçado. Quando crianças, aprendemos a articular os sons e combiná-los de forma contrastiva para que possamos produzir as palavras com significado correto. Também é necessário aprender a interligar os traços de voz, ponto, modo articulatório e seguir as regras da língua para organizar as palavras e frases Durante esse processo, as crianças usam de estratégias de simplificação da fala adulta para, gradativamente, ir vencendo as dificuldades impostas pelo aprendizado de uma língua. Por exemplo, algumas crianças simplificam a palavra blusa dizendo ‘busa’, ou ‘alala’ para arara, ‘tassou’ para cachorro. Stampe (1973) chamou essas estratégias de “processos fonológicos”. São processos naturais e inatos e estão presentes durante o desenvolvimento normal da fala. Quando esses processos persistem na fala, além da idade esperada, eles passam a ser sintomas de desvios ou distúrbios fonológicos.Crianças ou adultos que falam errado devem procurar um fonoaudiólogo e fazer uma avaliação. Esses problemas podem e devem ser tratados. Falar errado pode causar constrangimento e dificuldades na comunicação. Procure um fonoaudiólogo! Quem não se comunica…….pode ser ajudado por especialistas!


Por Patrícia V. Salles


Implante Coclear


O implante coclear é um aparelho que oferece informação sonora a indivíduos com perda auditiva profunda dos dois lados que poderá ajudar na sua comunicação.  O implante exerce sua função através da estimulação elétrica direta das fibras do nervo auditivo por eletrodos em pacientes onde o ouvido interno está danificado.   
Para saber se o indivíduo se beneficiará ou não de um implante é necessária a avaliação por vários profissionais. A equipe de implante coclear da UNICAMP é composta por: otorrinolaringologistas, fonoaudiólogas, enfermeiro, psicóloga e assistente social. Contamos também com outros profissionais (radiologista, neurologista, clínicos, pediatra e geneticista) para qualquer outra avaliação que for necessária.
Nos Estados Unidos da América os primeiros implantes cocleares foram realizados na década de 70, com a primeira aprovação do governo pela Food and Drug Administration (FDA) em 1984.  Outros programas surgiram na França, Austrália, Áustria, Inglaterra e Suíça. Atualmente, existem mais de 70.000 pacientes usando implantes cocleares em todo o mundo. Lembre-se que nessa primeira visita ao nosso serviço você está iniciando a avaliação para sabermos a melhor conduta para o seu problema auditivo. Só depois da avaliação de toda a equipe saberemos se você será candidato ou não ao implante coclear. 
 Implante Coclear: O Aparelho
 O implante tem dois componentes, um interno, composto por um grupo de eletrodos e um aparelho receptor e um externo composto de um microfone, processador de fala, um codificador e um transmissor. 
A comunicação entre os componentes externo e interno é realizada através de ondas de rádio FM transmitidos pela pele intacta (pericutâneo).  Neste último existe um imã no componente interno para fixar o componente externo acima dele. 
O funcionamento do implante coclear em muito assemelha ao de um aparelho auditivo. 
 Como o Aparelho produz a sensação auditiva passo a passo.
 As causas de surdez que podem levar à indicação do implante coclear são as mais variadas, porém as que mais freqüentes são as perdas por doenças infecciosas, como as infecções virais e a meningite; as congênitas; as por drogas ototóxicas; a otosclerose e o trauma crânio encefálico severo. 
 Critério de Seleção
 Os critérios para a seleção de pacientes adultos são indivíduos com idade acima de 17 anos com perda auditiva neurossensorial severa a profunda bilateral, surdez pós-lingual (linguagem oral adquirida anteriormente à perda auditiva), com benefício limitado das próteses auditivas, psicologicamente aceitáveis e sem contra-indicações médicas. 
A seleção de crianças é definida por pacientes maiores de um ano de idade até 4 anos de idade com perda auditiva profunda bilateral, pré e pós linguais, com uma expectativa razoável da família e sem benefício de próteses auditivas.
No nosso serviço, de cada 10 pacientes que chegam apenas 1 ou 2 são de fato candidatos a realizarem a cirurgia do implante coclear.  Os outros pacientes terão melhores resultados com outros métodos de reabilitação.
A equipe multi-profissional avalia todos estes aspectos citados para selecionar  candidatos que possam ter um bom aproveitamento do Implante , visto que envolve cirurgia, equipamento de alta tecnologia , e necessidade de manutenção.
 Cirurgia de Implante Coclear
 A técnica cirúrgica mais utilizada é a da mastoidectomia com uma timpanotomia posterior.  O eletrodo ou grupo de eletrodos é introduzido na cóclea através da janela redonda.
O paciente retorna para os cuidados pós-operatórios comuns às outras cirurgias de ouvido. Após quatro a seis semanas, o paciente retorna para colocação do componente externo e ativação do implante .
 Resultados dos Implantes Cocleares
Em geral, estudos de resultados em crianças mostram que os pacientes implantados apresentam verbalizações mais freqüentes melhores qualidade e tom de voz, a fala mais rítmica e melhor habilidade de produzir fonemas.  As crianças apresentam, ainda, melhor atenção e concentração, mais interesse em falar, fazem menos barulho em casa e conseguem identificar os sons ambientais.  Os melhores resultados na criança ocorrem quanto menor for o tempo de surdez, com poucos eletrodos inativos, e estimulação fonoaudiológica adequada. Nos adultos pós-linguais o beneficio é bem variável podendo no mínimo ajudar na Leitura Orofacial até nos melhores casos falar ao telefone.

 Contribuição de: Dr. Paulo Porto, Fga. Silvia Badur Curi, Fga. Luciane Calonga 

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Prevenção de Problemas Auditivos em Escolares


Segundo Scavazza (1991:119), a fonoaudiologia tem se colocado como uma ciência que através de "ações preventivas", poderia colaborar com a escola na diminuição do fracasso escolar. Como especialista em linguagem ou em problema de linguagem, o fonoaudiólogo tem assumido uma postura em que o seu saber técnico-científico-específico é usado para detectar, tratar, e inclusive prever/prevenir problemas de linguagem.
Dentre as "doenças fonoaudiológicas ao escolar", estão as alterações auditivas, definidas por Conceição (1994:155), como as anormalidades na sensibilidade auditiva e/ou pelos danos na integridade da fisiologia auditiva. Tal quadro, em função de gravidade, pode levar ao impedimento, desenvolvimento, compreensão, uso ou manutenção da efetividade da comunicação. A dificuldade na manutenção da atenção para o sentido dos "inputs" lingüisticos e a retenção ao acaso ou irrelevante, manifestam-se como deficiência na área da percepção auditiva (discriminação, análise/síntese e figura fundo).
Uma alteração no sistema auditivo, contribui para o aumento das dificuldades do aprendizado de uma criança em desenvolvimento. A deficiência auditiva faz com que o aluno, apesar de atento, não aprenda o que está sendo ensinado à turma. 
Os problemas auditivos quando detectados precocemente, facilitam a conduta de pais e professores na orientação do processo de aprendizado. Deste modo, torna-se importante a participação do fonoaudiólogo junto à equipe profissional que atua nas escolas.
Na verdade, o ideal seria que, todas as crianças de seis anos, quando entrassem no período de alfabetização (como é comum), passassem por uma avaliação médica geral (pediátrica, otorrinolaringológica e oftalmológica) e não só as que apresentam algum problema. Se o exame audiométrico diagnosticar que a criança não ouve bem, o problema deverá receber uma atenção especializada, tanto médica, como da escola, que não precisa ser necessariamente uma instituição para deficientes auditivos.
Segundo Pereira, Santos e Osborn (1995:164), o fonoaudiólogo pode propiciar um conhecimento mais profundo dos aspectos relativos a audição e linguagem de um indivíduo, ajudando o professor a compreender o processo de aprendizado e suas dificuldades, bem como conhecer os recursos diagnósticos tanto para fins de prevenção, como de correção.
A prevenção de problemas auditivos poderá ser realizada através de triagens, orientações e encaminhamentos. Mas é de suma importância uma participação efetiva dentro do processo educacional. O fonoaudiólogo deverá mostrar à equipe pedagógica que o seu trabalho dependerá da inter-relação e participação de todos, realizando um trabalho integrado entre pais, professores, alunos e demais que venham a compor a equipe da escola.
Nesta perspectiva preventiva/coletiva, o fonoaudiólogo deve procurar fazer parte da equipe interdisciplinar da instituição, traçando metas conjuntas para melhor atender o grupo de alunos. A participação nos planejamentos, nos conselhos de classe, nas reuniões de pais e professores são possibilidades de trabalho em equipe.
Conforme Conceição (1994:157), esta responsabilidade conjunta do fonoaudiólogo e da escola, leva à efetivação de um sistema integrado de assistência ao escolar, porque se transforma num facilitador para o período de transição entre os domínios da linguagem oral e escrita. Não cabe ao fonoaudiólogo o isolamento profissional porque a efetividade de seus atos não pode ser avaliado somente em função de uma performance "ideal", obtida em situação artificial e protegida como a sala de terapia, porque o grau de sucesso do comunicador só poderá ser realmente obtido em vida social. A escola é um lugar privilegiado como indicador das mudanças da criança, seu crescimento, desenvolvimento e aceitação pelo grupo. 
Podemos então concluir que, somente com a união dos esforços de todos os envolvidos (fonoaudiólogo, professor, pais e a escola), será possível atingir o nosso objetivo, que é a prevenção de problemas auditivos em escolares. Desta forma, estaremos contribuindo para que nossas crianças tenham mais qualidade na educação e por conseqüência, mais qualidade de vida, fator indispensável na tendência mundial (Globalização) que estamos vivendo.
Por Fga. Maria Angélica Fischer 

Respiração Oral



Tratamento
O fonoaudiólogo deve determinar, depois de receber o histórico do caso e examinar a cavidade oral, se há necessidade de encaminhamento a um médico para uma avaliação mais completa.
Caso conclua que o hábito pode ser apenas funcional, ajudará o paciente a eliminá-lo, numa primeira etapa do tratamento da deglutição atípica. Se não, encaminhará o paciente a um otorrinolaringologista ou alergista.
Os respiradores bucais podem ser tratados com sucesso através de terapia fonoaudiológica, cirurgia, medicação, placa oral, aparelho de Andresen, Bionator, e uma faixa de queixo (tanto do tipo usado pelos ortodontistas nos casos de má oclusão de classe III, como aquela vendida comercialmente como uma mascara "anti-ronco").
A dificuldade com estes dispositivos começa quando o paciente deixa de usá-los. O importante é que se realize uma retirada gradativa, pois assim, as chances de êxito são maiores. Caso o uso for interrompido bruscamente, há muitas chances do retorno aos hábitos antigos.
O tratamento do respirador bucal, baseia-se em reeducar a musculatura oral, pois se não o habito residual poderá persistir. Assim, segundo Marchezan (1994) refere ser a terapia o foco para a aprendizagem do "uso do nariz", não esquecendo que devemos sempre orientar a família.
A primeira etapa do tratamento fonoaudiológico é a de esclarecer ao paciente e a sua família a respeito de respiração bucal, mostrando os padrões adequado e apresentando. Portanto, trabalhamos a conscientização, para depois podermos trabalhar o sistema sensório motor oral e as funções do sistema estomatognático, sempre respeitando a individualidade do paciente.
A colaboração da família é de extrema importância para o sucesso do tratamento. A maneira pela qual a família visualiza a terapia também tem influencia sobre o desempenho da criança.
Os exercícios que serão citados são exemplos de como podemos intervir na reabilitação do respirador bucal. Vários métodos são utilizados por profissionais especializados com resultados satisfatórios.
Para aumentar a tonicidade dos lábios, utilizamos o exercício do botão (ou escudo labial ou exercitador dos lábios), o exercício da colher, o do lápis e o haltere labial.
Exercício do botão (ou escudo labial ou exercitador dos lábios): O paciente segura por trás dos lábios e diante dos dentes um botão preso a um fio dental. O terapeuta puxa o fio enquanto o paciente tenta manter o botão preso a boca com a força dos lábios.
Exercício da colher: O paciente deve segurar a extremidade de uma colher de plástico no centro dos lábios, mantendo-a no plano horizontal. Quando for alcançada essa posição, o terapeuta coloca um peso sobre a colher e o paciente deve tentar equilibrá-la com a força dos lábios, efetuando a função de contrapeso.
Exercício do lápis: O paciente deve segurar o lápis no meio dos lábios sem abaixá-lo nem levantá-lo enquanto o terapeuta conta até 8. O exercício se repete aumentando-se a conta até chegar a 15.
Exercício do haltere labial: O paciente coloca o haltere labial entre os lábios e fica durante o máximo de tempo que conseguir.
A partir deste momento, vai aumentando a quantidade de tempo de permanência do haltere nos lábios, até adquirir uma tonicidade adequada.
Para alongar o lábio superior, utilizamos os exercícios de morder o lábio superior, da máscara, do garrote e massagens.
Exercício de morder o lábio superior: É realizado com os dentes da arcada inferior, onde o paciente deve segurar e manter o lábio superior.
Exercício da máscara: O paciente deve prender todo o lábio superior com os dedos e tentar estira-lo para baixo o máximo possível, em direção ao lábio inferior. Depois de alcançar essa posição, deve tentar mantê-la.
Exercício do garrote: O paciente deve manter o garrote debaixo do lábio superior, enquanto permanece com os lábios selados.
Massagens: São realizadas para ajudar a estirar o lábio superior. Deve ser realizada logo abaixo das narinas no sentido do seu fechamento, ou seja, para baixo. A massagem deve ser realizada com certa pressão e de modo sistemático.
Para o selamento labial, utilizamos retalhos de hóstias (ou clips ou elástico ortodôntico) e micropore.
Retalhos de hóstias (ou clips ou elástico ortodôntico): O paciente deve manter entre os lábios um pedaço de retalho de hóstia , inicialmente por alguns minutos diários e depois ir aumentando esse tempo.
Micropore: Antes de dormir o paciente sela os lábios com duas tiras de microporeem forma de X.
Pode utilizar ao invés de micropore para dormir o retalho de hóstia.
Para a mobilidade do lábios, os exercícios dependerão da dificuldade que o paciente apresenta. Não realizamos essa série de exercícios com todos os pacientes, somente os exercícios que precisarem ser estimulados: vibração dos lábios, estirar e projetar os lábios com os dentes ocluídos, movimentos laterais dos lábios, elevar o lábio superior mostrando a arcada dentária superior e abaixar o lábio inferior mostrando a arcada dentaria inferior.
Para a mobilidade da língua, utilizamos estalos com a ponta da língua, elásticos, argolas de metal ou plástico, estreitar e alargar a língua, movimentar para os lados e vibração da língua.
Estalos com a ponta da língua: O paciente estala a língua contra o palato duro, elevando sua parte anterior.
Elásticos: Dobramos o canudo pelo meio e introduzimos um elástico ortodôntico até a sua parte central. O paciente deve introduzir o elástico na ponta da língua e tentar soltá-lo estreitando-a e movimentando-a para trás.
Depois trabalha-se a parte média da língua realizando as mesmas etapas. O objetivo deste exercício é que o paciente aprenda a estreitar a língua, controlando a musculatura transversa. Depois de aprendido o exercício, será necessário executar os movimentos de alargar e estreitar a língua, sem apoiá-la nos lábios ou nos dentes.
Argolas de metal ou plástico: O paciente deve tentar introduzir a ponta da língua dentro das argolas, sem apoiá-las nos lábios ou nos dentes. Inicia-se com argolas de diâmetro grande e depois passa-se às menores.
Estreitar e alargar a língua: O paciente deve estreitar e alargar a língua sem movimentá-la para trás ou para frente. Esta deve estar fora da boca e a ponta apoiada em um depressor.
Movimentar para os lados: Estirar a língua em ponta e movimentá-la em direção as comissuras labiais direita e esquerda sem chegar a tocá-las. A língua não pode estar apoiada nos lábios e a mandíbula não pode se mover (se for necessário durante os primeiros exercícios, pode-se segurar a mandíbula com a mão até que o paciente seja capaz de controlar seus movimentos). Repetir os exercícios elevando a ponta da língua ate o nariz e baixando-a em direção ao mento.
Vibração da língua: Esse exercício estimula a mobilidade.
Para aumentar a tonicidade, utilizamos exercício muscular do papinho, exercício de resistência, depressor de madeira e deglutição reflexa.
Exercício muscular do papinho: O paciente deve elevar a ponta da língua e apoiá-la no centro do palato duro, empurrando sobre este várias vezes. Este exercício deve ser realizado com os dentes em oclusão, e trabalha a ponta da língua e os músculos do assoalho da boca.
Exercício de resistência: Esse exercício trabalha a língua e os músculos do assoalho da boca. É realizado com a ponta da língua apoiada na papila palatina, onde o paciente tenta abrir e fechar a boca fazendo força com a língua para que a boca não se feche.
Depressor de madeira: O paciente deve empurrar com a ponta da língua o depressor que o terapeuta segura realizando uma força em sentido contrario.
Deglutição reflexa: Esse exercício trabalha a parte posterior. Prende-se a ponta da língua e simultaneamente injeta-se água contra o palato. O paciente deve deglutir a água movendo a parte posterior da língua e os músculos do esfíncter velofaríngeo.
Para a posição de repouso: mantemos a língua posicionada contra o palato duro durante 10 minutos. Pode-se utilizar um pedaço de hóstia ou elástico ortodôntico na papila palatina para auxiliar na concentração do paciente. O paciente deve aumentar gradativamente este tempo.
Para o freio lingual, utilizamos os seguintes exercícios: estalar a ponta da língua e estirar a língua.
Estalar a ponta da língua: Esse exercício trabalha a elasticidade do freio lingual. O paciente deve realizar estalos com a ponta da língua contra o palato duro, mantendo a boca aberta.
Depois, repete-se o exercício com os dentes em oclusão. Após, é necessário realizar uma forte sucção da língua contra o palato duro, abrindo e fechando a boca, sem deixar de manter a língua succionada.
Estirar a língua: O exercício é realizado com a boca aberta, onde o paciente deve estirar a língua o máximo possível, sem tocar nos dentes ou nos lábios.
Para trabalhar os músculos masséteres, realizamos os seguintes exercícios: exercício do garrote e contração e relaxamento dos masséteres.
Exercício do garrote: Esse exercício é realizado para a estimulação do tono do músculo masseter. Utiliza-se um garrote de 15 cm de comprimento para morder, este é colocado no lado direito sobre os molares e depois no lado esquerdo. Deve-se morder de 15 a 20 vezes de cada lado.
Contração e relaxamento dos masséteres: O paciente deve tratar de vencer a força realizada pelos dedos indicador e médio, colocados na região anterior da arcada inferior, que pressionam a mandíbula para baixo. Deve-se realizar uma força para conseguir o fechamento mandibular.
Os bucinadores são trabalhados através de sucção da seringa. Este exercício consiste em encher uma seringa de 5 ml de água, inseri-la parcialmente dentro da boca e succionar a água sem empurrar o êmbolo com a mão. Esse exercício trabalha os bucinadores e o véu palatino. Pode ser realizado também com iogurte ou sucos.
Para trabalhar o palato mole, realizamos exercícios com estímulo frio, sucção, deglutição reflexa, bocejo e articulação dos fonemas posteriores /k/ e /g/.
Estímulo frio: Injetar um jato de água fria (com uma seringa) no centro do palato mole, enquanto o paciente emite o fonema /a/. Esses jatos devem ser curtos para provocar o estímulo de contração da musculatura.
Sucção: Esses exercícios serão descritos na seção "sucção".
Deglutição reflexa: Já descrita nos exercícios de língua.
Bocejo: Provocamos bocejos abrindo a boca e realizando uma inspiração profunda (via bucal), para que o paciente observe a elevação do véu.
Articulação dos fonemas /k/ e /g/: O paciente apoia a nuca com as mãos realizando pressão para frente. No momento da articulação dos fonemas, deve-se mover a cabeça no sentido contrário. Esse exercício auxilia o fechamento do esfíncter velofaríngeo.
Quanto aos músculos da articulação temporomandibular (ATM), os exercícios que atuam sobre os músculos que movimentam a ATM são realizados pelos cinesiologos para as patologias dolorosas dessa articulação. Esses exercícios trabalham a contração dos músculos agonistas para provocar o relaxamento dos antagonistas, mediante de técnicas de mobilização e outras mais.
Citaremos abaixo os exercícios para se trabalhar as funções orofaciais (sucção, respiração, mastigação, deglutição e articulação da fala).
Para trabalhar a sucção, podemos utilizar o exercício com a chupeta ortodôntica, onde o paciente realiza sucções enquanto o terapeuta segura o aro da chupeta e exerce uma leve força para fora e com a dedeira de látex, onde colocamos uma dedeira de látex no dedo indicador (do terapeuta e do paciente), o paciente deve succionar o dedo do terapeuta e ao mesmo tempo o terapeuta succiona o seu.
Dessa forma o paciente sentirá como o terapeuta realiza a sucção, e este conduzirá sua língua estimulando seus movimentos de frente para trás. Pode-se utilizar pós de sabores diferentes para estimulação.
Podemos dividir o trabalho da respiração em duas etapas: a primeira é realizada com treino da respiração nasal e a segunda com treino do tipo respiratório.
Para o treino da respiração nasal, trabalhamos com um espelho tipo Glatzel, um espelho pequeno e automatização.
Espelho tipo Glatzel: O paciente deve realizar inspirações e expirações com a boca fechada, deixando marcada a superfície do espelho. Depois deve inspirar o ar por uma narina e expulsá-lo pela outra, alternando as narinas.
Espelho pequeno: Coloca-se um pequeno espelho embaixo do nariz, onde o paciente deve realizar respirações alternando o ritmo e a duração das mesmas.
Automatização: O paciente deve manter um pedaço de retalho de hóstia, clips ou elástico ortodôntico entre os lábios enquanto realiza alguma atividade como ver televisão, ler, etc., aumentando progressivamente a duração.
Para o treino do tipo respiratório, trabalhamos em decúbito dorsal e sentado.
Em decúbito dorsal: O paciente inspira pelo nariz e coloca a mão sobre o diafragma para sentir sua expansão e elevação; depois segura a respiração e expira lentamente pela boca, controlando o fluxo de ar. Após, deve colocar as mãos lateralmente sobre as costelas para sentir a expansão.
Sentado: o paciente inspira pelo nariz, provocando a expansão costodiafragmatica e o expulsa contando de maneira pausada até 4; depois repete o exercício avançado progressivamente a conta até chegar a 15. Durante todos os exercícios respiratórios devemos levar em conta a postura do pescoço e dos ombros.
Orientamos o paciente em relação a mastigação para que esta seja realizada com a mordida anterior, mastigando os alimentos com os lábios selados, alternando os lados e triturando os alimentos na zona dos molares (posteriormente).
Quanto a deglutição, iniciamos com o treino de líquidos para depois passar ao treino da deglutição de saliva. Com uma seringa damos um jato de água a boca do paciente, que deve deglutir seguindo a seqüência abaixo:
Com a boca aberta: O paciente deve posicionar a água no centro da língua, apoiar sua parte anterior nas papilas palatinas e, com a boca aberta, apertá-la contra o palato realizando movimentos ondulatórios de frente para trás para levar a água até a faringe. Esse movimento só é conseguido por meio da elevação do osso hióide, por isso é necessário posicionar a mão do paciente debaixo da mandíbula para que perceba essa elevação. Realizamos essa primeira etapa com a boca aberta para estarmos seguros da posição da língua.
Com os dentes em oclusão: O paciente utiliza essa posição, ainda com os lábios separados, mas com os dentes em contato e repete os mesmos movimentos anteriores. Nessa fase ocorre a contração dos músculos masséteres.
Com os lábios fechados: Com os dentes em oclusão, repete-se os mesmos movimentos. Nessa fase, além da contração dos masseteres, constata-se a ausência de mímica perioral ou de movimentos de cabeça.
Para variar o exercício anterior, o paciente mantém uma bala na boca para provocar salivação. Deve juntar a saliva, ocluir os dentes e realizar os mesmos movimentos do exercício descrito. Logo após passamos aos alimentos pastosos e realizamos as mesmas etapas.
No que diz respeito a articulação da fala, os transtornos articulatórios miofuncionais tem relação com os maus hábitos orais, com as anomalias estruturais dos órgãos fonoarticulatórios e com a alteração das funções orofaciais.
O sigmatismo anterior está associado a hábitos como sucção de dedos ou de outros objetos, ao uso da chupeta, entre outros. É freqüente em respiradores bucais.
O sigmatismo lateral também tem relação com a sucção de dedos e da língua e está presente nas mordidas abertas laterais.
Na reabilitação dos sigmatismos é de extrema importância o trabalho de reabilitação oral, além da reeducação do posicionamento lingual e do direcionamento da corrente aérea durante a articulação de determinados fonemas.
As dificuldades na pronúncia do fonema /r/, se deve a pouca habilidade do ápice lingual ou a falta de elasticidade do freio, que também pode ser curto. O trabalho no sentido de melhorar a mobilidade e a tonicidade da língua e a elasticidade do freio é muito importante para o sucesso da reabilitação.
É freqüente a observação de pacientes que articulam quase sem mover a boca e/ou a língua, produzindo uma fala pouco clara. Treinamos então a pronuncia lenta e a articulação ampla.
Por Mila Weissbluth Frejman