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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

terça-feira, 29 de março de 2011

Crianças - Poucas palavras


Alguns momentos da vida da criança são inesquecíveis para os pais: o primeiro sorriso, o primeiro passo e, é claro, as primeiras palavras! Saiba quando procurar auxílio se estas palavrinhas demorarem a sair.

As primeiras palavras são as mais belas e as mais esperadas. A voz do bebê encanta e aumenta cada vez mais a ansiedade dos pais em ouvir novas palavras a cada dia.
"Pode parecer natural, mas falar é uma façanha extraordinária. A criança prepara-se para este momento desde que nasce: chorando, sendo amamentada, interagindo com o ambiente", explica a fonoaudióloga Raquel Zardo.
O bebê começa a falar por volta de um ano e se desenvolve lentamente até os dois anos, quando seu vocabulário já possui em média 300 palavras. Após os 24 meses a linguagem evolui mais rapidamente. Neste período, surgem as palavras justapostas como "nenê qué". A criança observa, experimenta, ouve, vê e conseqüentemente desenvolve-se muito neste período.
A fonoaudióloga Raquel explica que toda criança passa por um processo de aquisição gradativa dos sons. Se a criança não apresenta nenhum impedimento auditivo, neurológico, emocional ou hereditário, esta explosão de linguagem tende a acontecer naturalmente.

Quando a criança demora a falar

É preciso acompanhar com atenção cada fase do desenvolvimento da linguagem dos pequenos. A fonoaudióloga observa que a criança que começou a falar com um ano, mas que chegou aos dois com um desenvolvimento muito lento, com poucas palavras no vocabulário e que não tenta imitar quem fala e nem consegue pronunciar palavras justapostas, vai precisar de um estímulo extra, especializado e individual. Nestes casos há indicação fonoaudiológica "porque, mesmo sendo uma criança inteligente e sadia, por alguma razão (muitas vezes hereditária), não consegue expressar-se oralmente".
Apenas 30% das crianças com dificuldade na fala desenvolvem-se sozinhas, mas as demais apresentam grande dificuldade.
"Os pais não devem de forma nenhuma esperar para procurar orientação para suas dúvidas, pois este distúrbio específico da fala pode prejudicar todo o desenvolvimento infantil, quer seja na sua vida escolar ou social", alerta a fonoaudióloga.
Raquel ressalta também que a atenção deve ser redobrada para com as crianças com mais de dois anos e meio que fazem o tratamento, mas que não estão apresentando uma evolução satisfatória no aprendizado da língua materna. "Nestes casos recomendamos um apoio psicológico, para que a criança receba o suporte emocional necessário para aprender a lidar com a dificuldade específica e suas frustrações. Em geral, nestes casos, o atendimento deverá ser sempre multidisciplinar", frisa.

Como o Cebolinha

Entre quatro e cinco anos, a criança já deve falar corretamente. "Para evitar prejuízos maiores em seu desenvolvimento, os pais devem procurar um especialista para corrigir quaisquer dificuldades na fala ou na linguagem da criança", explica.
A possibilidade da filha Betina, de cinco anos, passar por dificuldades na aprendizagem da leitura e da escrita deixava angustiada a engenheira civil Liziane Capaverde. Ela tem duas filhas gêmeas que começaram a falar cedo. Mas, perto dos três, Betina passou a ter mais dificuldades do que a irmã Lorena, principalmente quando pronunciava alguns sons. "A fala dela é semelhante à do personagem ‘Cebolinha’," conta a mãe.
Além disso, Lorena ficava insistindo e pressionando Betina a falar direito. "Eu sentia que esta situação a incomodava muito, deixando-a ansiosa", relata. Preocupada com as trocas de fonemas da filha, ela procurou a orientação de um especialista. Em poucas sessões e com exercícios em casa, Betina já está falando melhor. "Ela ficou muito feliz quando pronunciou ‘cor-de-rosa’ corretamente", lembra Liziane.

Estímulo dos Pais

Os bebês geralmente aprendem a falar com o estímulo dos pais ou das pessoas que convivem com eles. "É muito importante que os pais tenham em mente que o bebê só aprende a falar ouvindo alguém que fale com ele. Os adultos e crianças mais velhas são os modelos que vão orientar o bebê no mundo dos sons. E, da mesma forma que ninguém dá um alimento estragado a um bebê, não devemos também dar um exemplo de fala errado. A criança deve imitar o adulto e não o contrário", diz a fonoaudióloga. Estes estímulos devem ser prazerosos, com muitas conversas e cantorias. As frases no início devem ser curtas e bem articuladas.
"Todas as fases da aprendizagem da fala podem demorar; é preciso ter paciência e muito amor. Agindo assim, os pequeninos vão compreender como é bela a comunicação", frisa Raquel.
A percepção dos pais e dos educadores é de extrema importância, pois vai ajudar a criança a melhorar o seu rendimento escolar e seu relacionamento com os amigos, tornando-a mais feliz, comunicativa e segura. O diagnóstico precoce é sempre o melhor caminho. O sucesso do tratamento depende, e muito, da procura por parte dos pais. "No processo de aprendizagem a criança tem o direito de falar errado, escrever errado. Nós, pais e adultos, é que não temos o direito de atrapalhar o seu desenvovimento, imitando-as ou fazendo-as esperar... esperar...esperar", ressalta a fonoaudióloga.

Distúrbios da aprendizagem

Cerca de 20% das crianças apresentam alguma dificuldade na aprendizagem e é na pré-escola que estes distúrbios começam a aparecer. Muitas vezes podem ser por falta de maturidade, por falta de prontidão para a alfabetização ou transtornos neurológicos, ou de linguagem. "Os sintomas dos distúrbios da aprendizagem podem ser muito sutis; muito mais do que o atraso na fala, mas perceptiveis no maternal e jardim da infância", como:
- troca do "p" pelo "b";
- confusões de orientação de direita ou esquerda;
- falta e atenção durante as aulas;
- hiperatividade;
- dificuldade na elaboração de frases;
- dificudade para memorizar cantigas, etc

Tais características podem ser indícios de dislexia (dificuldade persistente na aprendizagem da leitura); de disortografia (dificuldades de ortografia); de disgrafia (dificuldade no traçado das letras); de DDA (distúrbio de déficit de atenção, quando a criança se distrai com muita facilidade) ou disfasia (dificuldade na expressao oral e escrita).

Fonte: Revista Corpore

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