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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Realidade virtual aplicada ao tratamento da gagueira


Uma equipe de pesquisadores do Cleveland Hearing and Speech Center (Cleveland, EUA) está utilizando uma ferramenta tecnológica inovadora para tratar algumas consequências da gagueira e facilitar o dia a dia dos pacientes que possuem o distúrbio.

A ansiedade antecipatória e o grande desconforto que muitas pessoas com gagueira sentem quando precisam realizar tarefas diárias que requerem a fala – como, por exemplo, fazer um pedido em uma lanchonete ou restaurante – podem ser trabalhados e atenuados por meio deste método, de modo que essas tarefas se transformem em experiências menos desgastantes para o paciente.

O método inovador consiste em um ambiente de simulação virtual inspirado na cabine da nave Star Trek (veja vídeo abaixo). Parece uma espécie de minissala de cinema, mas o que a tela mostra é uma simulação bastante convincente do mundo real, permitindo que os pacientes apliquem na prática, em um ambiente seguro, as técnicas de fluência que aprenderam em terapia.

Como as situações retratadas no laboratório de realidade virtual são muito semelhantes àquelas que os pacientes vão encontrar no mundo lá fora, a exposição repetida à circunstância que gera desconforto propicia uma dessensibilização do paciente. Assim, a reação secundária de ansiedade que surge como consequência da gagueira pode ser gradualmente atenuada.

A criadora do projeto, Dra. Stacy Williams, Ph.D. em distúrbios da comunicação pela Universidade de Cincinnati, controla através do computador as respostas dos atores virtuais que dão vida à simulação. “Podemos criar qualquer tipo de situação de treinamento apenas com um toque de botão”, afirma Stacy. Dessa forma, qualquer situação de comunicação que traga desconforto emocional ou psicológico ao paciente com gagueira pode ser recriada e vivenciada em laboratório, de modo a torná-la cada vez menos difícil de suportar.

“O medo de ser ridicularizado, o receio de ser julgado de forma preconceituosa, o sentimento de vergonha que a gagueira traz, tudo isso contribui para o desenvolvimento de reações fóbicas associadas ao distúrbio. Através da realidade virtual, podemos trabalhar de forma bem mais eficaz essas consequências da gagueira e evitar que elas contribuam para o agravamento do quadro”, afirma Stacy.

Ao contrário do mundo real, o laboratório de simulação virtual permite que eles pratiquem e repitam quantas vezes precisar, até que consigam lidar melhor com o desconforto causado pela gagueira. Enquanto isso, monitores fisiológicos medem a frequência cardíaca e a temperatura da pele. “É uma forma de saber se o paciente está realmente sentindo aquela experiência como real”, diz Stacy.

Esse método também pode ser usado para beneficiar muitos estudantes. Michael Molinaro, estudante de fonoaudiologia, está fazendo uso do simulador para aprimorar suas habilidades de atendimento. O programa pode colocá-lo em um cenário junto com os pais ou o paciente. “É fantástico. É realmente uma incrível ferramenta de aprendizado que podemos usar para nos tornarmos melhores fonoaudiólogos”, diz Michael.

“Os estudantes estão aprendendo como interagir com pessoas, como fazer perguntas importantes, como obter a informação correta, refletir sobre isso e chegar a uma boa decisão ou diagnóstico”, diz Stacy. Dra. Williams está agora aguardando a aprovação do FDA para ampliar a utilização clínica do método e começar a aplicá-lo também com crianças.


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