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sexta-feira, 30 de março de 2012

Transtorno de Espectro Autista


O que são TDPs e TEAs?

O termo TDP, ou Transtorno de Desenvolvimento Pervasivo, é utilizado para descrever certos problemas de desenvolvimento. Os TDPs são chamados de transtornos de “espectro” pois cada criança apresenta sintomas que diferem em intensidade, variando de leve a bastante grave. Porém, todas as crianças com TDP possuem algum grau de dificuldade nas seguintes áreas:

Habilidades sociais: compartilhar emoções, entender como as pessoas estão se sentindo, expressar empatia ou manter conversações; Comunicação: Tanto verbal quanto não verbal, tais como apontar, gesticular e fazer contato visual (olhar nos olhos); Comportamentos ou interesses: tais como repetir palavras ou ações, brincar com coisas de uma forma incomum (girar objetos, enfileirar brinquedos) ou insistir em seguir rotinas ou cronogramas rígidos.

Existem cinco TDPs: Transtorno Autista, Transtorno de Desenvolvimento Pervasivo — Não Especificado (TDP-NES), Síndrome de Asperger e outros distúrbios com menor frequência: Síndrome de Rett e Transtorno Desintegrativo da Infância (TDI).

Como você pode ver pelo diagrama, o Transtorno Autista, a Síndrome de Asperger e o TDP-NES (algumas vezes chamado de autismo atípico) estão incluídos na categoria de Transtornos de Espectro Autista (TEAs).

Transtorno Autista ou Autismo é caracterizado por dificuldades em todas as três áreas (comunicação, habilidades sociais e comportamento — vide acima). Síndrome de Asperger é caracterizada por habilidades de linguagem relativamente boas e dificuldades em interações sociais e manter conversações. Uma criança com Síndrome de Asperger pode também ter interesses intensos ou restritos e/ou comportamentos problemáticos. TDP-NES descreve uma pessoa que se enquadra em alguns, mas não todos os critérios de autismo ou possui sintomas mais leves em uma ou mais áreas.

Os especialistas de seu filho podem usar termos levemente diferentes para descrevêlo. Mas mesmo quando os profissionais não utilizam esses termos da mesma forma, geralmente concordam que uma criança se encaixa em um diagnóstico mais amplo de TEA.

Transtornos de Desenvolvimento Pervasivo menos frequentes

Síndrome de Rett é um transtorno de desenvolvimento que começa com desenvolvimento inicial normal e é seguido por perda de habilidades motoras, uso especial das mãos, e movimentos distintos das mãos, tais como torcer as mãos, regressão em habilidades e crescimento retardado. Transtorno Desintegrativo da Infância começa com um desenvolvimento normal até a idade de 3 ou 4 e é seguido por perda grave de comunicação, habilidades sociais, motoras e de brincar.

Como é tratado o Autismo?

Os tratamentos mais recomendados para crianças com Transtornos de Espectro Autista (TEAs) começam o mais cedo possível apos o diagnóstico e incluem muitas horas de trabalho individual com a criança. O médico de seu filho e outros especialistas recomendarão um plano específico para as necessidades de seu filho.

Nas terapias “ABA” e “Floortime,” duas das abordagens educacionais mais comumente utilizadas para crianças com TEA, os provedores trabalham passo a passo com a criança para desenvolver habilidades de linguagem, sociais e de brincar. A maioria dos professores e terapeutas treinados utilizam uma combinação da abordagem bastante estruturada da ABA e dos métodos interativos, de brincar, e altamente afetivos Floortime. Fornecemos a seguir uma descrição geral de cada abordagem:

Análise Comportamental Aplicada (ABA) desenvolve novas habilidades e elimina comportamentos difíceis ao dividir as tarefas em pequenos passos. Essa abordagem é especialmente eficaz para chamar a atenção de crianças difíceis de se alcançar.

DIR/Floortime (Abordagem com base em relacionamento, diferença individual e desenvolvimento) inclui rotinas altamente motivadoras relacionadas aos interesses da criança e desenvolve habilidades sociais, de comunicação e de brincadeira através de interações lúdicas cada vez mais complexas. Abordagens semelhantes incluem Suporte Transacional, Regulamentação Emocional, Comunicação Social (SCERTS), Tratamento e Educação de Crianças Autistas e com problemas de comunicação relacionados (TEACCH) e Intervenção para Desenvolvimento Relacional (RDI).

Além dessas abordagens, a maioria dos programas para crianças com TEA utiliza ferramentas especificas, tais como:

Terapia de fala-linguagem, que ajuda a criança aprender a entender e expressar-se através da linguagem. 
Intervenções totais de comunicação, que envolvem o uso da linguagem, vocalizações, imagens e gestos, assim como linguagem de sinais e o Sistema de Comunicação de Troca de Imagem (PECS) – qualquer meio que uma criança possa utilizar para se comunicar. Terapia ocupacional, fisioterapia e terapia de integração sensorial, que se concentra nas habilidades motoras finas (mãos e dedos) e grossas (musculares), e necessidades sensoriais. Apoios comportamentais positivos, os quais minimizam comportamentos difíceis através da recompensa para comportamentos apropriados, reações e conclusão de tarefa.

Profissionais da área médica podem também implementar as seguintes terapias:

Medicação. Não existe uma medicação especial para TEA. Alguns medicamentos podem ajudar com sintomas como hiperatividade, ansiedade, comportamentos compulsivos, atenção ou agressão. Peça conselho de seu médico sobre qual ou quais medicamentos podem ser adequados para seu filho e se os benefícios são maiores que qualquer risco ou efeito colateral associado ao medicamento.

Terapias biológicas, que incluem dietas especializadas ou restritas, suplementos nutricionais e vitaminas. Consulte seu médico para determinar se tais abordagens são comprovadamente seguras e eficazes.

Fonte: Site Autism Support Network

quarta-feira, 28 de março de 2012

Autismo

“Perda de contato com a realidade exterior”


 Definição

O autismo é uma doença psiquiátrica rara e grave da infância – Síndrome de Kanner – autismo infantil – caracterizado por um desenvolvimento intelectual desequilibrado, afetado também a capacidade de socialização.

Podemos também caracterizá-lo como uma anormalidade grave que se caracteriza por severos problemas ao nível da comunicação e do comportamento, e por uma grande incapacidade em relacionar-se com as pessoas de uma forma normal.

 "É hoje geralmente aceite que as perturbações incluídas no espectro do autismo, Perturbações Globais do Desenvolvimento nos sistemas de classificação correntes internacionais, são perturbações neuropsiquiátricas que apresentam uma grande variedade de expressões clínicas e resultam de disfunções do desenvolvimento do sistema nervoso central multifatoriais" (Descrição do Autismo, Autism-Europe, 2000).

O autismo é uma perturbação global do desenvolvimento infantil que se prolonga por toda a vida e evolui com a idade.

Os adolescentes juntam às características do autismo os problemas da adolescência, podendo, contudo, melhorar a capacidade de relacionar-se socialmente e o seu comportamento ou, pelo contrário, podem voltar a fazer birras, mostrar auto-agressividade ou agressividade para com as outras pessoas.

É um distúrbio neurofisiológico e a sua causa é desconhecida. Alguns investigadores atribuem a alterações bioquímicas.

Outros associam a distúrbios metabólicos hereditários, encefalites, meningites, rubéola contraída antes do nascimento, ou até as lesões cerebrais. Porém existem bastantes incertezas e dúvidas na relação do Autismo com estas doenças.

O autismo resulta de uma perturbação no desenvolvimento do Sistema Nervoso, de início anterior ao nascimento, que afeta o funcionamento cerebral em diferentes áreas: a capacidade de interação social e a capacidade de comunicação são algumas das funções mais afetadas.

As pessoas com autismo têm uma grande dificuldade, ou mesmo incapacidade, de comunicar, tanto de forma verbal como não verbal. Muitos dos autistas não têm mesmo linguagem verbal. Noutros casos o uso que fazem da linguagem é muito limitado e desadequado. No que respeita à comunicação não verbal, há uma acentuada incapacidade na sua utilização.

Paralelamente, as pessoas com autismo têm uma grande dificuldade na interpretação da linguagem, devido à dificuldade na compreensão da entoação da voz e da mímica dos outros com quem se relacionam.

O isolamento social é outra característica do autismo. Outra particularidade comum no autismo é a insistência na repetição. Por isso é que as pessoas com autismo seguem rotinas, por vezes de forma extremamente rígida, ficando muito perturbadas quando qualquer acontecimento impede ou modifica essas rotinas.

O balançar do corpo, os gestos e os sons repetitivos são vulgares, sendo mais frequentes em situações de maior ansiedade.

A maioria dos autistas tem também deficiência mental, com níveis significativamente baixos de funcionamento intelectual e adaptativo. Cerca de 30% dos autistas pode sofrer também de epilepsia.

O autismo resultante de uma perturbação do desenvolvimento embrionário, contudo, não é possível o diagnóstico pré-natal do autismo, nem este se manifesta por quaisquer traços físicos, o seu diagnóstico não é, em princípio, possível de ser feito nas primeiras semanas ou meses de vida.

A perturbação da interação social do bebe é geralmente o primeiro sinal que alerta para a hipótese de diagnóstico de autismo o qual, nos casos mais graves, pode chegar a ser identificado antes do primeiro ano de idade.

Causa

A causa ou causas específicas do autismo são ainda desconhecidas, sabe-se, contudo que tem uma base genética importante.

Sobre esta determinante genética seriam acumulados fatores adicionais (do meio interno e/ou envolvente) que eventualmente poderiam levar ao autismo e que seguramente contribuem para a sua expressão. Está, por outro lado, bem demonstrado que fatores como a relação mãe / bebe ou a educação, não determinam em nada o aparecimento do autismo.

Trata-se de uma perturbação global do funcionamento cerebral, que afeta numerosos sistemas e funções, eventualmente com múltiplas causas e que se expressa de formas bastante diversas.

Existem medicamentos que podem aliviar os sintomas e as alterações comportamentais associadas ao autismo.

A quase totalidade dos autistas será sempre incapaz de gerir de forma autônoma a sua pessoa e bens, pelo que necessitam, durante toda a vida, do auxílio de terceiros. Estes devem atender à natureza única de cada pessoa com autismo e criar condições que permitam a expressão máxima das capacidades individuais.

Nas décadas de 40 e 50 acreditava-se que a causa do autismo residia nos problemas de interação da criança com os pais e com a família. Várias teorias sem base científica e de inspiração psicanalítica culpabilizavam os pais (em especial as mães) por não saberem dar as devidas respostas afetivas aos seus filhos.

A partir dos anos 60 e com a investigação científica baseada, sobretudo em estudos de casos de gêmeos e nas doenças genéticas associadas ao autismo (X Frágil, esclerose tuberosa, fenilcetonúria, neurofibromatose e diversas anomalias cromossômicas) descobriu-se a existência de um fator genético multifatorial e de diversas causas orgânicas relacionadas com a sua origem.

Estas causas são diversas e refletem a diversidade das pessoas com autismo: parece haver genes candidatos, isto é, uma predisposição para o autismo o que explica a incidência de casos de autismo nos filhos de um mesmo casal.

Fatores pré-natais (ex.rubéola materna, hipertiroidismo) e durante o parto (ex.prematuridade, baixo peso ao nascer, infecções graves neonatais, traumatismo de parto) também podem ter influência no aparecimento das perturbações do espectro do autismo.

Existe uma grande ocorrência de epilepsia na população autista (26 a 47%) enquanto na população em geral a incidência é de cerca de 0,5%.

Atualmente, alguns investigadores encontram-se a efetuar estudos acerca de anomalias nas estruturas e funções cerebrais das pessoas com autismo.

Em suma, não há ligação causal entre atitudes e ações dos pais e o aparecimento das perturbações do espectro autista e não se encontra relacionado com a raça, à classe social ou a educação parental.

Incidência

Esta doença atinge mais o sexo masculino do que o feminino (cerca de 2 para 1).

As primeiras características podem surgir entre os 4 e os 8 meses de idade, devido ao atraso nível da motricidade e da fala.

O diagnóstico requer um cuidadoso exame físico, psicopedagógico e neurológico.

O Autismo pode ainda desenvolver-se em crianças que até então pareçam “normais” – Autismo secundário – onde ocorre um nível inexplicável de regressão.

Características/Evolução/Tratamento

As pessoas com autismo têm três grandes grupos de perturbações. Segundo Lorna Wing (Wing & Gould,1979), a tríade de perturbações no autismo manifesta-se em três domínios:

Domínio social: o desenvolvimento social é perturbado, diferente dos padrões habituais, especialmente o desenvolvimento interpessoal. A criança com autismo pode isolar-se, mas pode também interagir de forma estranha, fora dos padrões habituais.

Domínio da linguagem e comunicação: a comunicação, tanto verbal como não verbal é deficiente e desviada doa padrões habituais. A linguagem pode ter desvios semânticos e pragmáticos. Muitas pessoas com autismo (estima-se que cerca de 50%) não desenvolvem linguagem durante toda a vida.

Domínio do pensamento e do comportamento: rigidez do pensamento e do comportamento, fraca imaginação social. Comportamentos ritualistas e obsessivos, dependência em rotinas, atraso intelectual e ausência de jogo imaginativo.

Características do autismo (Leo Kanner – 1943):
- Um profundo afastamento autista;
- Um desejo autista pela conservação da semelhança;
- Uma boa capacidade de memorização mecânica;
- Expressão inteligente e ausente;
- Mutismo ou linguagem sem intenção comunicativa efetiva;
- Hipersensibilidade aos estímulos;
- Relação estranha e obsessiva com objetos.

Posteriormente, mencionou a ecolalia – fala de papagaio – linguagem extremamente literal, uso estranho da negativa, inversão pronominal e outras perturbações da linguagem (Kanner,J.,1946)

Um ano depois de Kanner ter publicado o seu artigo, em 1944, um pediatra austríaco Hans Asperger, publicava um artigo, em alemão "Die Autistischen Psychopathen im Kindesalter" no qual descrevia um grupo de crianças com características muito semelhantes às de Kanner, chamando igualmente autismo à síndrome...

“De inteligência normal, estes rapazes tinham uma dificuldade marcada nas relações interpessoais. Quando se esperava que partilhassem os jogos com outras crianças ou se integrassem numa roda de brincadeiras, eram vistos sozinhos, preocupados de forma obsessiva com o objeto do seu interesse. A linguagem também era peculiar: embora por vezes usassem expressões ou vocábulos muito sofisticados, por outro lado não entendiam os ditados mais comuns ou as metáforas mais óbvias. As crianças com Asperger não compreendiam porque não dizemos o que pensamos, e pensamos o que não dizemos. A entoação era monocórdica sem as flutuações emocionais que dão colorido à nossa voz. A sua coordenação motora era tão pobre que se viam sistematicamente excluídos da participação em jogos coletivos, sem que, de resto, isso parecesse preocupá-los excessivamente. Em momentos de maior emoção apresentavam movimentos repetidos e estereotipados que lhes conferiam um aspecto bizarro.”

Asperger percebeu que estes rapazes partilhavam traços fundamentais com as crianças autistas.

Embora as características dos indivíduos fossem semelhantes, havia um grupo reconhecido por Asperger com níveis de inteligência e linguagem superiores – as crianças com estas características têm síndrome de Asperger. Porém, as suas observações ficaram ignoradas até aos anos 90 quando Lorna Wing, uma psiquiatra americana, chamou a atenção para o trabalho de Asperger e sublinhou a sua importância.

De então para cá o reconhecimento e o estudo desta disfunção cresceu exponencialmente, e as suas características clínicas e problemas associados foram mais bem definidos.

As crianças com síndrome de Asperger são ermitãs: “Se eventualmente uma pessoa é companhia, duas são uma multidão.”.

Alguns gostavam de ter amigos, mas não sabem como interagir socialmente: “A alternância do “dá-cá-toma-lá” na relação com os outros é lhes difícil. Não entendem como as outras crianças podem retirar prazer de brincadeiras mais ou menos violentas com contacto físico próximo, como também não percebem que o comum dos mortais não partilhe o fascínio por retroescavadoras, comboios, contentores do lixo ou outros temas obviamente de tremendo interesse e importância.”.

Lorna Wing (1981) definiu o síndrome de Asperger com seis critérios de diagnóstico:
-A linguagem é correta, mas pedante e estereotipada;
-Ao nível da comunicação não verbal apresentam: voz monótona, pouca expressão facial, gestos inadequados;
-No que diz respeito à interação social, esta não recíproca e revelam falta de empatia;
-Resistem à mudança e preferem atividades repetitivas;
-Ao nível da coordenação motora apresentam uma postura incorreta, movimentos desastrados e por vezes estereotipias;
-Possuem uma boa memória mecânica e os seus interesses são especiais e circunscritos.

Hoje a síndrome de Asperger tem uma classificação separada do autismo no DSM IV – TR (Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais).

A noção de um espectro de perturbações autísticas baseado na tríade de perturbações apresentada por Lorna Wing é importante para a educação e cuidados das crianças com autismo ou outras perturbações globais do desenvolvimento.

A criança autista vive num mundo à parte criado por ela própria, geralmente são incapazes de estabelecer relações pessoais normais, contudo, podem revelar uma ligação muito forte com os objetos.

Revelam ainda alterações ao nível da linguagem – padrões de fala inelegíveis e outras nem sequer falam, apresentam ainda dificuldades nas relações interpessoais; manifestam rituais – comportamentos estereotipados e repetitivos.

Podem ainda apresentar características como: inibição motora, mutismo, dificuldade em suportar mudanças de ambiente, recusa em procurar ou aceitar carinhos, gosto pela imitação de sons ou de movimentos, dificuldade em estabelecer amizades, entre outras…

O autismo é uma doença com um desenvolvimento gradual, assim: em bebês, os autistas não demonstram grande interesse pelo contacto, não sorriem, não olham para os pais, podem apresentar problemas ao nível da alimentação, do choro e do sono.

O bebe com autismo apresenta determinadas características diferentes dos outros bebês da sua idade. Pode mostrar indiferença pelas pessoas e pelo ambiente, pode ter medo de objetos.

Quando começa a gatinhar pode fazer movimentos repetitivos (bater palmas, rodar objetos, mover a cabeça de um lado para o outro). Ao brincar, não utiliza o jogo social nem o jogo de faz de conta. Ou seja, não interage com os outros, pode não dar resposta aos desafios ou às brincadeiras que lhe fazem. Não utiliza os brinquedos na sua função própria.

Aos 12 meses poderão demonstrar um interesse obsessivo por determinados objetos, revelam comportamentos estereotipados e repetitivos e até atrasos ao nível da locomoção.

Geralmente só a partir dos 24 meses é que se podem constatar dificuldades de comunicação – verbal e não verbal.

Depois dos 2 anos de idade a criança autista tem tendência a isolar-se, a utilizar padrões repetitivos de linguagem, a inverter os componentes das frases, a não brincar normalmente, etc…

Dos 2 aos 5 anos de idade o comportamento autista tende a tornar-se mais óbvio. A criança não fala ou ao falar, utiliza a ecolalia ou inverte os pronomes.

Há crianças que falam corretamente, mas não utilizam a linguagem na sua função comunicativa, continuando a mostrar problemas na interação social e nos interesses.

Regra geral, dos seis anos de idade até à adolescência os sintomas mais perturbadores podem diminuir, contudo o problema não desaparece totalmente.

Os adolescentes juntam às características do autismo os problemas da adolescência. Podem melhorar as relações sociais e o comportamento ou, pelo contrário, podem voltar a fazer birras, mostrar auto-agressividade ou agressividade para com as outras pessoas.

Os adultos com autismo tendem a ficarem mais estáveis se são mais competentes. Pelo contrário, os menos competentes, com QI baixo, continuam a mostrar características de autismo e não conseguem viver com independência.

No estado adulto, o autista não se consegue integrar na vida normal achando que o mundo é uma ameaça para si – fechando-se no seu mundo, pois sente maior segurança. Por vezes, neste período, o autista pode regredir e até voltar a manifestar comportamentos infantis.

As pessoas idosas com autismo têm os problemas de saúde das pessoas idosas acrescidos das dificuldades de os comunicarem. Os problemas de comportamento podem por isso sofrer um agravamento. Além disso, perdem muitas vezes o gosto pelo exercício físico e tem menor motivação para praticar desporto, o que não contribui para melhorar a sua qualidade de vida. Por outro lado, o seu comportamento pode tender a estabilizar-se com a idade.

O tratamento para o autismo não existe, centra-se apenas em tentar desenvolver na criança/jovem aptidões e competências ao nível da linguagem e ao nível social. Podem, contudo, utilizar-se psicofármacos em situações de agressividade, autodestruição ou convulsões.

Características gerais das crianças autistas:
- Fisicamente sadios e de boa aparência;
- Desconhecimento da sua própria identidade;
- Falta de comunicação;
- Não mantêm o contacto visual;
- Retraídos, apáticos e desinteressados;
- Indiferença em relação ao ambiente que os rodeia;
- Resistência a mudanças de ambiente;
- Incapacidade de julgar;
- Ansiedade frequente e excessiva e aparentemente ilógica;
- Hiperatividade e movimentos repetitivos;
- Entorpecimento nos movimentos que requerem habilidade.

Sintomas:
Do nascimento até aos 15 meses:
-Problemas com a alimentação, como por exemplo: dificuldade na amamentação;
-Apáticos e não demonstram nenhum desejo de abraços e nem de mimo;
-Choro constante ou ausência total de choro;
-Desinteresse pelas pessoas e pelo meio ambiente;
-Medo anormal de estranhos;
-Movimentos repetitivos, como: balanceamentos das mãos, oscilações ou rotações prolongadas, entre outros…
-Interesse obsessivo por determinados objetos, jogos ou aparelhos mecânicos;
-Insistência nos seus desejos unicamente para que não se mude de ambiente físico;
-Problemas de sono.

Dos 18 meses até aos 2 anos:
-Dificuldades em aprender a controlar os esfíncteres e os hábitos de higiene;
-Hábitos e preferências estranhas na alimentação;
-Atraso na fala, ausência de fala ou poderão eventualmente perder a fala já adquirida.

Após os 2 anos:
-Afasia contínua ou utilização de padrões invulgares na fala, tais como repetir palavras e frases;
-Seguem os problemas de controlo dos esfíncteres e dos hábitos de higiene;
-Incapacidade para jogos vulgares;
-Alguns podem possuir habilidade musical, motora ou manual;
-Por vezes podem demonstrar insensibilidade à dor.     

Fonte: Site Educação Diferente

terça-feira, 27 de março de 2012

Audição do recém nascido


Aproximadamente 1 em cada 1000 bebês nascidos nos Estados Unidos tem perda severa de audição em ambos os ouvidos. Outros 5 em cada 1000 nascem com perda moderada de audição.

Na maior parte das vezes, essas crianças não são diagnosticadas como tendo essa perda de audição até que tenham 3 anos de idade em média.

Até mesmo uma perda de audição leve precoce pode afetar a fala, o desenvolvimento da linguagem e também o desenvolvimento social.

Por causa desses fatos, há muitos que acreditam que todas as crianças deveriam passar por uma triagem ao nascimento para afastar uma possível perda de audição.

Em 1993, o Instituto Nacional de Saúde Americano lançou uma recomendação de que todos os bebês tenham uma triagem auditiva realizada antes da idade de 3 meses.

Em 1994, um comitê conjunto das principais associações médicas americanas endossaram a triagem universal de recém-nascidos para perda de audição.

Essencialmente todos concordam que a triagem universal das crianças é uma boa idéia.

Como deve ser o teste?

O teste para essa triagem deve ser preciso, fácil de realizar, barato, não invasivo, e amplamente disponível.

Existem testes para audição de recém nascidos?

Existem dois testes geralmente utilizados para triagem: as Emissões de Oto-Acústicas Evocadas (EOAE) e a Resposta Cerebral Auditiva Automatizada (ABR Automatizado).

Porém, esses testes são geralmente utilizados para triagem e não para estabelecer um diagnóstico definitivo.

O diagnóstico definitivo geralmente é feito com outros exames que devem ser discutidos com o seu médico.

Dificuldades para implementação do teste.

O teste mais fácil para fazer triagem em um grande número de recém-nascidos tem uma taxa de falso positivo muito alta. Foi estimado que até 20% das crianças poderiam ter um teste falsamente sugestivo de perda auditiva.

Para interpretar qualquer teste com precisão, há necessidade de saber quais valores são normais e anormais. Atualmente, os valores normais são em grande parte baseados em adultos. Bebês podem ter valores diferentes de normalidade

Que indicações existem hoje?

O que é recomendado hoje é a identificação de bebês em situação de risco para a perda auditiva e, então, a avaliação delas.

São bebês com risco de perda auditiva aqueles:
  • Com uma história familiar de perda de audição na infância por causa hereditária.
  • Os que têm malformações da cabeça.
  • Nascidos com certas infecções intra-uterinas.
  • Os que tiveram meningite.
  • Com peso de nascimento abaixo de 1.500 gramas.
  • Aqueles que necessitaram ventilação mecânica ao nascimento por cinco dias ou mais.
  • Aqueles que tenham tido icterícia severa o bastante para requerer transfusão.
  • Os que tenham recebido medicamentos que sabidamente têm a perda de audição como um possível efeito colateral.
  • Aqueles cujos pais ou responsáveis tenham preocupações sobre perda de audição, ou qualquer tipo de atraso de desenvolvimento, inclusive de fala ou linguagem.
Geralmente os pais são as primeiras pessoas a identificarem a possibilidade de uma perda auditiva na criança, mesmo com a realização de frequentes consultas de rotina ao pediatra.

Fonte: ABC da Saúde

segunda-feira, 26 de março de 2012

10 Coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse


1. Antes de tudo eu sou uma criança
Eu tenho autismo. Eu não sou somente "Autista". O meu autismo é só um aspecto do meu caráter. Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope? Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente. Sendo criança eu ainda estou descobrindo. Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim. E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?

2. A minha percepção sensorial é desordenada
Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo. Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim. O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender. Vou explicar o porquê uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível. Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes. O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível. O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja. O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual. Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho. O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando. Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro... Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.

3. Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer)
Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim. Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo. Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto "BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João". Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: "João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar". Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.

4. Eu sou um "pensador concreto" (concrete thinker)
O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações. Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras. É muito confuso para mim quando você diz "não enche o saco", quando o que você quer dizer é "não me aborreça". Não diga que "isso é moleza, é mamão com açúcar" quando não há nenhum mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer. Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.

5. Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado
Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto. Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado). Por outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem. Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.

6. Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim
Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender. Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas. Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.

7. Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer
Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de "CONSERTO". Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.

8. Por favor, me ajude com interações sociais
Parece que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído. Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como "LER" expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente. Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: "você esta bem?".

9. Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle
Perda de controle, "chilique", birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo. Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido - ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação. Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.

10. Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição
Elimine pensamentos como "Se ele pelo menos pudesse." ou "Porque ele não pode." Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso. Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa. Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu. Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho "Fenômeno" do futebol. Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para alzaheim o enigma da vida extraterrestre - O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha base.
Pense sobre estas "regras" sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver ate onde eu posso ir.

CONTO COM VOCÊ!

Fonte: Autimismo | Ellen Nottohm, tradução livre Andréa Simon
Texto adaptado para divulgação no site do Instituto Indianópolis.


Autismo infantil como identificar

O autismo afeta a capacidade de comunicação e interação com o mundo e pode ser diagnosticado através de observação comportamental.




O autismo é caracterizado como um transtorno infantil que pode ser verificado com maior frequência em meninos do que em meninas. A doença sem cura foi definida clinicamente em 1943 por um psiquiatra pesquisador de origem austríaca chamado Leo Kanner. Em uma explicação sintetizada, o autismo é caracterizado por uma alteração cerebral que implica comprometimento no desenvolvimento psiconeurológico, afetando a capacidade social do portador da doença.

Como identificar rapidamente?

Mesmo que sendo uma tarefa difícil, é possível identificar sinais de possível autismo ainda no período de lactação. Segundo as informações de especialistas, o bebê pode emitir um balbucio monótono ou até tardio para diversos estímulos. Quando o bebê não segue com os olhos os acontecimentos ao seu redor também verificamos um possível sinal da doença. Mais tarde, as crianças autistas passam a demostrar rejeição à interação e complicações para falar que não estão ligadas a nenhuma deficiência fonoaudiológica.

Sobretudo, o sinal mais constantemente verificado é o olhar marcado, dito como o “olhar que não olha”, já que não responde aos estímulos externos.

Observando durante a infância

A identificação de familiares e amigos próximos também apresenta sensíveis dificuldades. Outras características identificadas no começo da infância é apresentação de condutas agressivas, principalmente do autista para si mesmo, a tendência à realização de movimentos repetidos, agitando os braços ou rodando constantemente como um pião. Ainda podem ser sintomas da doença os rituais complexos para a realização de tarefas cotidianas, como dormir e ir ao colégio todos os dias, por exemplo.

Outros sinais para a identificação do autismo em crianças: ausência de comunicação não verbal, e de faculdades imaginativas para brincadeiras comuns da idade, preocupação com objetos sem significação, limitações marcada de interesses e concentração em interesses particulares.

Fonte: Site Zun

O que é autismo infantil


O autismo é um transtorno invasivo do desenvolvimento, isto é, algo que faz parte da constituição do indivíduo e afeta a sua evolução. Caracteriza-se por alterações na interação social, na comunicação e no comportamento. Manifesta-se antes dos 3 anos e persiste durante a vida adulta. Há outros distúrbios do desenvolvimento que se enquadram no perfil de problemas autísticos, mas que não incluem todas as características da doença.

Basicamente, quatro fatores indicam a presença do autismo infantil: problemas de relacionamento social, dificuldade de comunicação, atividades e interesses restritos e repetitivos e início precoce.

Relacionamentos

A criança autista tem dificuldade em se relacionar com outros indivíduos. Assim, mantém-se distante, evita o contato visual, demonstra falta de interesse pelas pessoas e não procura conforto quando se machuca. Em 50% dos casos, o interesse social se desenvolve com o tempo, mas a reatividade, a reciprocidade e a capacidade de empatia permanecem prejudicadas. O autista tem dificuldade em ajustar seu comportamento ao contexto social e não consegue reconhecer ou responder adequadamente às emoções dos demais.

É comum, porém, que a criança tenha proximidade com os pais, desenvolvendo inclusive a afeição, mas é mais propensa a abraçar do que a aceitar ser abraçada. As interações sociais com os pares são restritas. Mesmo autistas adultos têm habilidade limitada de fazer amizades íntimas.
 
Comunicação 

A dificuldade de comunicação afeta a compreensão e a expressão, o gestual e a linguagem falada. Metade dos autistas não conseguem desenvolver uma fala compreensível; a outra metade mantém atrasos nessa área. Uma minoria aprende palavras e até frases no período apropriado, mas depois perdem essa habilidade.Quando a expressão verbal é desenvolvida, é tipicamente diferenciada e atrasada, com ritmo e entonações anormais. O indivíduo costuma repetir palavras ou frases (ecolalia), cometer erros de reversão pronominal (troca do “você” pelo “eu”), usar as palavras de maneira própria (idiossincrática), inventar palavras (neologismos), usar frases prontas e questionar repetitivamente. Normalmente o autista não mantém uma conversação, simplesmente fala para outra pessoa. Alguns usam a expressão verbal apenas para pedir coisas; outros, não percebem que o ouvinte não tem mais interesse no assunto. Os gestos são reduzidos e pouco integrados ao que está sendo dito. Metade das crianças autistas desenvolve uma fala compreensível até os 5 anos. Aquelas que não o tenham feito, dificilmente terão uma expressão verbal apropriada.

Interesses

Com relação às suas atividades e interesses, os autistas são resistentes a mudanças e mantêm rotinas e rituais. É comum insistirem em determinados movimentos, como abanar as mãos e rodopiar. Preferem brincadeiras de ordenamento (alinhamento de objetos, por exemplo) e têm fascinação por objetos ou elementos inusitados para uma criança (zíperes e cabelos, por exemplo).

Costumam preocuparem-se excessivamente com temas restritos, como horários fixos de determinadas atividades ou compromissos. Dificilmente brincam de faz-de-conta e quando isso ocorre, limitam-se a ações simples de um ou dois episódios histórias ou programas de TV favoritos.

Apesar de ser dificilmente detectada no primeiro ano de vida, a doença pode se manifestar nesse período, caracterizada por um desenvolvimento anormal. Um dos sinais é a aversão ao colo. Em casos raros, a partir de uma certa idade, a criança entra numa fase de regressão e perde habilidades de interação social e comunicação adquiridas nos primeiros anos de vida.

Prevalência

Duas em cada mil crianças têm algum distúrbio autístico. Dessas, de 10% a 50% são portadoras do autismo infantil (a variação percentual decorre das diferentes formas de classificação da doença). A doença atinge aproximadamente 0,05% da população, e a ocorrência de novos casos é mais comum no sexo masculino, na razão de três homens para cada mulher afetada. Não há uma clara relação entre o autismo e a classe sócio-econômica, apesar de estudos mais antigos apoiarem essa teoria.

O retardo mental afeta a maioria dos autistas. Cerca de 50% dos portadores do distúrbio têm quociente de inteligência (QI) inferior a 50; 70%, menor que 70; e 95%, abaixo de 100. Como a fala nesses indivíduos é normalmente prejudicada, a avaliação do QI é feita com testes não-verbais. Autistas com retardo mental são propensos a se auto-mutilar, batendo com a cabeça ou mordendo a mão, por exemplo.

Outros sintomas

Um terço dos autistas com retardo mental sofre crises convulsivas, que começam a se manifestar dos 11 aos 14 anos. Mas o problema também afeta 5% dos autistas com QI normal. Além disso, muitas crianças autistas apresentam problemas comportamentais ou emocionais. A hiperatividade é frequente, mas pode desaparecer na adolescência e ser substituída pela inércia. A irritabilidade também é comum e costuma ser desencadeada pela dificuldade de expressão ou pela interferência nos rituais e rotinas próprios do indivíduo. A alimentação em exagero é uma forma de comportamento ritualístico. O autista também pode desenvolver medos intensos, que desencadeiam fobias.

Cerca de 10% dos autistas perdem habilidades de linguagem e intelectuais na adolescência. O declínio não é progressivo, mas a capacidade intelectual perdida geralmente não é recuperada.

Na vida adulta, quase 10% dos autistas trabalham e são capazes de se cuidar. Raramente mantém bons amigos, casam-se ou tornam-se pais. Crianças com um QI inferior a 60 provavelmente se tornarão dependentes na vida adulta. Entretanto, quando o QI é mais alto e a fala é compreensível, os autistas têm 50% de chance de desenvolver um bom desempenho social.

Origem

Uma grande variedade de distúrbios relacionados ao autismo foi reportada na literatura médica. Para a maioria das crianças autistas sem uma disfunção correlata, as causas ligadas a fatores genéticos são as mais prováveis. Estudos com gêmeos sugerem que a hereditariedade está intimamente ligada ao transtorno e que a origem esteja numa combinação de genes, e não em um único gene isolado.

A taxa de recorrência de autismo entre irmãos é de aproximadamente 3% e varia de 10% a 20% para as formas variantes da doença. Nos casos de autismo associado a retardo mental profundo e severo, as causas podem estar mais ligadas a danos cerebrais do que a fatores genéticos.

Não há evidências de que problemas psicossociais ou eventos traumáticos na infância, como desatenção dos pais, influenciem o surgimento do autismo. Há duas teorias principais sobre a causa do autismo, nenhuma delas comprovada. A primeira sugere que o problema original está na incapacidade do autista de perceber que há diferenças entre seu estado mental e o dos outros. Assim, o indivíduo teria dificuldade em ver o ponto de vista dos demais, mas seria capaz de compreender ações mecânicas e comportamentais dos objetos e das pessoas. A outra hipótese diz respeito à função executiva do indivíduo, que geraria dificuldades de planejamento e organização.
 
Tratamentos

O tratamento mais adequado para crianças autistas inclui escolas especializadas e apoio dos pais. Elas geralmente se desenvolvem melhor em instituições educacionais bem estruturadas, em que professores têm experiência com autismo.

Programas comportamentais podem reduzir a irritabilidade, os acessos de agressividade, os medos e os rituais, assim como promover um desenvolvimento mais apropriado.

Medicamentos que agem sobre o psiquismo não controlam os principais sintomas do autismo, mas podem atenuar os sintomas associados. Estimulantes são capazes de reduzir a hiperatividade, mas geralmente aumentam de forma intolerável os atos repetitivos. Doses baixas de neurolépticos costumam reduzir a agitação e as repetições e em dosagens mais altas podem reduzir a hiperatividade, a retração e a instabilidade emocional. No entanto, é preciso verificar se o benefício é superior aos problemas causados pelos efeitos colaterais dessas drogas.

Fonte: Neurociências | Solange HenriquesArtigo adaptado para divulgação no site do Instituto Indianópolis.

domingo, 25 de março de 2012

Autismo


O que é?

Autismo é uma desordem na qual uma criança jovem não pode desenvolver relações sociais normais, se comporta de modo compulsivo e ritualista, e geralmente não desenvolve inteligência normal.

O autismo é uma patologia diferente do retardo mental ou da lesão cerebral, embora algumas crianças com autismo também tenham essas doenças.

Sinais de autismo normalmente aparecem no primeiro ano de vida e sempre antes dos três anos de idade. A desordem é duas a quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas.

Causas

A causa do autismo não é conhecida. Estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser, em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um. Embora a maioria dos casos não tenha nenhuma causa óbvia, alguns podem estar relacionados a uma infecção viral (por exemplo, rubéola congênita ou doença de inclusão citomegálica), fenilcetonúria (uma deficiência herdada de enzima), ou a síndrome do X frágil (uma dosagem cromossômica).

Sintomas e diagnóstico

Uma criança autista prefere estar só, não forma relações pessoais íntimas, não abraça, evita contato de olho, resiste às mudanças, é excessivamente presa a objetos familiares e repete continuamente certos atos e rituais. A criança pode começar a falar depois de outras crianças da mesma idade, pode usar o idioma de um modo estranho, ou pode não conseguir - por não poder ou não querer - falar nada. Quando falamos com a criança, ela freqüentemente tem dificuldade em entender o que foi dito. Ela pode repetir as palavras que são ditas a ela (ecolalia) e inverter o uso normal de pronomes, principalmente usando o tu em vez de eu ou mim ao se referir a si própria.

Sintomas de autismo em uma criança levam o médico ao diagnóstico, que é feito através da observação. Embora nenhum teste específico para autismo esteja disponível, o médico pode executar certos testes para procurar outras causas de desordem cerebral.

A maioria das crianças autistas tem desempenho intelectual desigual, assim, testar a inteligência não é uma tarefa simples. Pode ser necessário repetir os testes várias vezes. Crianças autistas normalmente se saem melhor nos itens de desempenho (habilidades motoras e espaciais) do que nos itens verbais durante testes padrão de Q.I. Acredita-se que aproximadamente 70 por cento das crianças com autismo têm algum grau de retardamento mental (Q.I. menor do que 70).

Entre 20 e 40 por cento das crianças autistas, especialmente aquelas com um Q.I. abaixo de 50, começam a ter convulsões antes da adolescência.

Algumas crianças autistas apresentam aumento dos ventrículos cerebrais que podem ser vistos na tomografia cerebral computadorizada. Em adultos com autismo, as imagens da ressonância magnética podem mostrar anormalidades cerebrais adicionais.

Uma variante do autismo, às vezes chamada de desordem desenvolvimental pervasiva de início na infância ou autismo atípico, pode ter início mais tardio, até os 12 anos de idade. Assim como a criança com autismo de início precoce, a criança com autismo atípico não desenvolve relacionamentos sociais normais e freqüentemente apresenta maneirismos bizarros e padrões anormais de fala. Essas crianças também podem ter síndrome de Tourette, doença obsessivo-compulsiva ou hiperatividade.

Assim, pode ser muito difícil para o médico diferenciar entre essas condições.

Prognóstico e tratamento

Os sintomas de autismo geralmente persistem ao longo de toda a vida.

Muitos especialistas acreditam que o prognóstico é fortemente relacionado a quanto idioma utilizável a criança adquiriu até os sete anos de idade. Crianças autistas com inteligência subnormal - por exemplo, aquelas com Q.I. abaixo de 50 em testes padrão - provavelmente irão precisar de cuidado institucional em tempo integral quando adultos.

Crianças autistas na faixa de Q.I. próximo ao normal ou mais alto, freqüentemente se beneficiam de psicoterapia e educação especial.

Fonoterapia é iniciada precocemente bem como a terapia ocupacional e a fisioterapia.

A linguagem dos sinais às vezes é utilizada para a comunicação com crianças mudas, embora seus benefícios sejam desconhecidos. Terapia comportamental pode ajudar crianças severamente autistas a se controlarem em casa e na escola. Essa terapia é útil quando uma criança autista testar a paciência de até mesmo os pais mais amorosos e os professores mais dedicados.

Lista de Checagem do Autismo

A lista serve como orientação para o diagnóstico. Como regra os indivíduos com autismo apresentam pelo menos 50% das características relacionadas. Os sintomas podem variar de intensidade ou com a idade.

  •             Dificuldade em juntar-se com outras pessoas,
  •             Insistência com gestos idênticos, resistência a mudar de rotina,
  •             Risos e sorrisos inapropriados,
  •             Não temer os perigos,
  •             Pouco contato visual,
  •             Pequena resposta aos métodos normais de ensino,
  •             Brinquedos muitas vezes interrompidos,
  •             Aparente insensibilidade à dor,
  •             Ecolalia (repetição de palavras ou frases),
  •             Preferência por estar só; conduta reservada,
  •             Pode não querer abraços de carinho ou pode aconchegar-se carinhosamente,
  •             Faz girar os objetos,
  •             Hiper ou hipo atividade física,
  •             Aparenta angústia sem razão aparente,
  •             Não responde às ordens verbais; atua como se fosse surdo,
  •             Apego inapropriado a objetos,
  •             Habilidades motoras e atividades motoras finas desiguais, e
  •            Dificuldade em expressar suas necessidades; emprega gestos ou sinais para os objetos em vez de usar palavras. 

Fonte: Site ABC da Saúde