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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Os riscos do atraso no diagnóstico de problemas de fala


A fala é uma característica que difere os seres humanos. Qualquer problema relacionado a ela pode dificultar a comunicação e, com o tempo, abalar o emocional da criança e adulto. Portanto, o encaminhamento para o fonoaudiólogo deve ser o mais precoce possível. Mas um grande erro tem ocorrido e trazido prejuízo ao desenvolvimento do pequeno.

A maior parte dos pediatras não encaminha a criança com alteração no desenvolvimento de linguagem no período adequado. Essa é a conclusão do estudo da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – USP – e publicada na Revista CEFAC (Atualização Científica em Fonoaudiologia e Educação).

Sabe quais riscos quando os pais demoram a levar os filhos para um diagnóstico preciso? Vejamos. Metade das crianças com um atraso na fala aos 24-30 meses pode apresentar atraso severo entre 3 e 4 anos. Além disso, um distúrbio de aprendizagem pode ser verificado posteriormente no ingresso na escola.

Um atraso no desenvolvimento da fala pode causar mais tarde uma dificuldade no convívio com outras crianças na escolinha, sendo alvo de constrangimentos, já que é percebida pela sua dificuldade. Isso pode gerar apelidos que podem permanecer por muito tempo, gerando prejuízos emocionais até a idade adulta.

A comunicação, isto é, a fala, permite uma maior liberdade, onde a criança planeja e oriente suas ações, expressa seus sentimentos, diminuindo assim sua impulsividade e agressividade.
Os casos mais sérios de alteração de fala principalmente com dificuldade de interação ou patologia mais grave são detectados e encaminhados mais precocemente. Já os distúrbios mais simples e comuns, como um atraso do desenvolvimento da fala ou distúrbio fonológico (omissão ou trocas de fonemas), têm sido encaminhados com 3 anos ou mais, tornando a terapia mais demorada.

Os erros - Os médicos têm a preocupação com a idade em que a criança começa a falar, mas, normalmente, só encaminham quando os pais ou a escola fazem queixa sobre o desenvolvimento da comunicação dos pequenos. E a criança, coitada, sofrerá para lidar com um obstáculo que poderia ter sido detectado com antecedência ou por profissional específico para o assunto.

Um dos motivos para que ocorra atraso na descoberta do problema é a formação dos profissionais médicos, que relataram ao estudo da USP não ter nada específico que abordasse o tema linguagem infantil. Recado para mamãe e papai: saibam diferenciar os profissionais. Um fonoaudiólogo é o mais indicado a conferir o problema de fala.

Mesmo entre os pediatras mais experientes, é comum que a consulta tenha como objetivo a doença e não a preocupação com questões básicas do desenvolvimento da criança, como a fala, que podem ser tão prejudiciais quanto qualquer outro problema de saúde", relata Luciana Paula Maximino, uma das autoras do trabalho e professora do Departamento de Fonoaudiologia.

Fonte: Guia do bebê

Atraso na linguagem


Como distinguir problemas da linguagem e da fala?

É importante distinguir os problemas da linguagem, daqueles que dizem respeito à  fala, isto é, os aspectos mecânicos da produção das palavras, como o ritmo do discurso ou a articulação das palavras. Na gaguez existe um comprometimento do ritmo do discurso, podendo estar presente em crianças com 3-4 anos de idade. As alterações da articulação das palavras, como omissão ou troca de sons, prejudicam a inteligibilidade. Muitas crianças apresentam erros articulatórios, porém, por volta dos 5-6 anos eles desaparecem.
As alterações da fala e da linguagem são as perturbações do desenvolvimento mais frequentes nas crianças em idade pré-escolar. O atraso ou perturbação da linguagem atingem cerca de 5-10% das crianças nessa faixa etária. Utiliza-se o termo Atraso de Linguagem quando a aquisição se faz de forma tí­pica, embora mais tarde do que a idade habitual para cada etapa. A expressão Perturbação Específica do Desenvolvimento da Linguagem (PEDL) fica reservada para a situação em que este se processa de modo atí­pico e não à devida às situações acima referidas, uma vez que estão assegurados os pré-requisitos necessários. Existem ainda situações mais raras, em que há uma regressão da linguagem e a criança perde capacidades que já tinha previamente adquirido.

Linguagem e seu desenvolvimento

A criança com problemas na linguagem

O que é a linguagem? A linguagem é um instrumento utilizado para a comunicação que consiste num conjunto de sí­mbolos, combinados de forma sistemática e orientado para armazenar e trocar informações.
Como ocorre o desenvolvimento da linguagem? O desenvolvimento desta complexa função, ocorre espontaneamente e por etapas, existindo diferenças nas velocidades e estilos de aquisição, bem como nas diferentes culturas e lí­nguas.
O recém nascido apresenta já capacidade para descriminar sequências de sons, distinguir a voz da mãe e o idioma materno de outro idioma. Ao longo do 1.º ano de vida a criança começa a emitir vocalizações, diferentes do grito ou choro, posteriormente diz sí­labas simples ou repetidas e, mais tarde, palavras já perceptíveis e com significado. Surge, depois, a combinação de 2 ou mais palavras formando frases. Durante o processo de desenvolvimento, em regra, a compreensão precede a expressão, isto é, uma criança compreende uma palavra alguns meses antes de a dizer. Durante a infância ocorre um aperfeiçoamento da articulação das palavras e da estrutura gramatical das frases, e ao longo de toda a vida um alargamento do vocabulário.
Para o desenvolvimento da linguagem é necessário que a criança tenha um nível cognitivo adequado, a audição mantida, o aparelho fonatário (estruturas envolvidas na fala) íntegro, seja convenientemente estimulada e tenha vontade de comunicar. Deste modo é de esperar que uma criança com um atraso de desenvolvimento, surda, com paralisia cerebral, autismo ou um ambiente pouco estimulante possa apresentar uma alteração da linguagem.

Quais as causas dos problemas da linguagem?

Quais as causas dos problemas da linguagem? Entre as causas mais frequentes de Atraso da Linguagem encontram-se o défice de audição, o atraso de desenvolvimento, a prematuridade, o autismo e a falta de estimulação. Noutras circunstâncias pode ocorrer o chamado mutismo selectivo, em que a criança só fala em determinados ambientes, por exemplo não fala na escola e comunica normalmente em casa. Por outro lado, as PEDLs são essencialmente devidas a factores genéticos, tal como foi demonstrado em estudos efectuados em gêmeos. Perante o mesmo ambiente familiar, nos gêmeos verdadeiros  se um deles tem PEDL, a probabilidade de o irmão também ter é de 100%, enquanto que nos gêmeos falsos é de 50%. Estas perturbações não resultam de lesões visí­veis na estrutura do cérebro, mas no modo de funcionamento dos circuitos cerebrais que envolvem as áreas da linguagem. A regressão da linguagem pode ser causada por uma doença metabólica ou um tumor no Sistema Nervoso Central, um síndrome epiléptico específico denominado Landau-Kleffner ou determinados quadros de autismo.
Quando suspeitar de um problema na linguagem? São considerados sinais de alarme no desenvolvimento da linguagem, que merecem a referência a um centro diferenciado / consulta de Desenvolvimento ou Neuropediatria:
não palrar consoante / vogal aos 8 meses e não apontar aos 12 meses não dizer nenhuma palavra aos 16 meses, não fazer expressões de 2 palavras aos 2 anos e não construir frases aos 3 anos linguagem incompreensí­vel para os pais aos 2 anos e para estranhos aos 3 anos não contar uma história aos 3 anos defeitos na articulação das palavras aos 6 anos suspeita de regressão da linguagem em qualquer idade
Quando se coloca a hipótese de perturbação da linguagem deve ser realizada uma avaliação da audição, ní­vel cognitivo, desenvolvimento da linguagem e motor, integração social e comunicação. Raramente é necessário efectuar exames de diagnóstico como TAC, Ressonância magnética ou EEG, excepto se há historial de epilepsia, regressão da linguagem ou alterações no exame neurológico. Perante uma criança com menos de 3 anos, que tenha um atraso na linguagem, com bom desenvolvimento psicomotor, uma boa compreensão verbal, boas capacidades comunicativas e uma história familiar de aquisição tardia, pode ser mantida uma atitude de mera vigilância sem necessidade de intervenção imediata.

Qual é o prognóstico?

O prognóstico das PEDLs é muito variável. Quando o diagnóstico é feito na idade pré-escolar, cerca de 37% das crianças recuperam antes dos 6 anos. Porém, estas crianças consideradas recuperadas apresentam alterações em testes verbais quando são avaliadas aos 15 anos. Os problemas da linguagem associam-se por vezes a dificuldades de aprendizagem, nomeadamente da leitura e escrita, perturbações emocionais e do comportamento e, mais tarde, dificuldades de inserção social e profissional.

Qual deve ser a intervenção?

Não existem medicamentos para estas situações e a intervenção deve ser multidisciplinar e adaptada a cada criança. Consiste na reeducação e treino em terapia da fala e num enquadramento escolar adequado. Sempre que necessário deve-se recorrer a técnicas de comunicação total e linguagem gestual, na medida em que facilitam a linguagem oral e não prejudicam o seu desenvolvimento. É fundamental prevenir e tratar os problemas emocionais e o isolamento associados a este tipo de perturbações.


Fonte: Sociedade Brasileira de Neuropediatria

Atraso na fala: o que os pais podem observar?


O atraso na aquisição e desenvolvimento da fala e da linguagem pode ser identificado pelos pais, familiares, pela professora. A seguir descrevo alguns aspectos que podem ser observados.

1. Seu filho ou filha ouve bem? Ele (a) atende prontamente quando você o (a) chama? Ele (a) teve ou tem infecção freqüente de ouvido (otites)? Problemas de audição podem interferir no desenvolvimento da fala e da linguagem oral! Infecções de ouvido podem prejudicar a aquisição e o desenvolvimento da linguagem.

2. Como é ou como foi o desenvolvimento global do seu filho ou filha? Com 3 meses, o bebê já consegue firmar a cabeça, fica com os braços mais soltos e começa a perceber os movimentos das mãozinhas. Com 6/7 meses já consegue sentar. Com 9 meses já pode engatinhar e pode até ficar em pé sozinho se você ajudar. Com 1 ano já começa a andar e também aparecem as primeiras palavras (“mamã; papá”). O atraso na fala pode estar associado a um atraso mais global e generalizado do desenvolvimento!

3. Quando bebê, seu filho ou filha, vocalizava bastante? Balbuciava bastante? Ou ele (a) era um bebê mais “quieto”. Era um bebê responsivo? atento? Bebês “quietos” ou silenciosos demais podem indicar uma dificuldade.

4. Alguém na sua família (pais, avós, tios, primos, etc), teve ou tem dificuldades para falar ou dificuldades de aprendizagem ou alguma deficiência? Você já ouviu de alguém da sua família: não se preocupe seu pai também era assim”?

5. Você observa que seu filho ou filha é muito esperto, inteligente, compreende tudo o que é falado e todas as situações, mas a fala não é tão desenvolvida? Os transtornos expressivos da linguagem afetam predominantemente a expressão/produção da fala e crianças com essas dificuldades necessitam sim de ajuda. Muitos profissionais orientam os pais de forma incorreta, ah como ele é esperto, inteligente, vamos aguardar que ele ainda vai falar”. Esperar pode ser muito prejudicial.

6. Quais as dificuldades que você observa? Apenas na fala? Você acha que ele tem dificuldade para produzir os sons? Para aprender novas palavras? Para combinar palavras e formar frases? Para relatar fatos e histórias? Para elaborar o que quer dizer? Nem todos os atrasos de fala, apresentam as mesmas características. Na área de linguagem infantil, o diagnóstico diferencial é fundamental.

7. Existe dificuldade de compreensão? No dia-a-dia, ele compreende o que você fala? o que você pede? Aprende com facilidade? Ou às vezes, parece que fica "perdido", "desatento"? Quando você explica alguma coisa, você precisa repetir?

8. Como é comportamento? A socialização com outras crianças está presente? Ele ou ela interage bem? Ou possui pouco contato visual, pouca troca, parece olhar “além de você”? Se esquiva de situações onde precisar falar? Morde outras crianças? É agressivo? Problemas no desenvolvimento da fala e da linguagem podem ocasionar problemas emocionais e comportamentais. Uma criança que não consegue falar adequadamente pode se isolar, não participar ou reagir agressivamente a uma situação de interação social.

9. Como foi a gestação e o parto? Crianças que nasceram prematuramente, com baixo peso, que permaneceram em UTI Neonatal, podem apresentar atraso no desenvolvimento, inclusive no desenvolvimento da fala e da linguagem.

10. Seu filho ou filha frequenta escola? A escola pode ser uma fonte de estímulos para a criança e pode favorecer o desenvolvimento da fala e da linguagem. Mas fique atento, se ele ou ela já está na escolinha e mesmo assim, os pais não observaram ganhos, isso pode ser o sinal de que existe uma dificuldade específica. A frase"matricula em uma escolinha que o atraso na fala melhora" não aplica-se a todos os casos.

Essas perguntas podem ajudá-lo a observar mais atentamente algumas dificuldades. Se você está preocupado com o desenvolvimento da fala, não deixe de procurar ajuda. Após uma avaliação detalhada e bem feita, o profissional poderá orientá-lo. Algumas crianças necessitam de atendimento especializado e quando houver essa necessidade, o diagnóstico e o tratamento precoce são essenciais para se obter melhores resultados.

Também existem casos, onde não há necessidade de atendimento e sim apenas orientações. Com orientações os pais poderão ajudar e cooperar com o desenvolvimento da criança. Podemos ter fatores ambientais que podem prejudicar o desenvolvimento da criança. Procure sempre um Profissional – Fonoaudiólogo, que tenha experiência e que conheça profundamente o desenvolvimento infantil. Na Fonoaudiologia, temos áreas de especialidades, procure um especialista em Linguagem Infantil e com experiência com crianças.

O diagnóstico de transtornos na aquisição e desenvolvimento da fala e da linguagem é de competência do Fonoaudiólogo. Podemos encaminhar a criança para outros especialistas (como Médicos, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais) para uma avaliação e para nos auxiliar no diagnóstico diferencial.

Infelizmente, às vezes, me deparo com crianças com graves quadros de alterações de linguagem e que o Fonoaudiólogo responsável fez um encaminhamento para o médico dar um diagnóstico. O médico pode dar o diagnóstico médico, mas na área da fala e da linguagem, deve haver também o diagnóstico fonoaudiológico. Os pais devem sempre receber esse diagnóstico!

O diagnóstico correto e preciso é o primeiro passo para um tratamento/acompanhamento eficaz!

Texto elaborado por Dra. Elisabete Giusti
contato@atrasonafala.com.br