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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Alterações da fala de origem musculoesquelética: Compreender para melhor tratar


As alterações da fala sempre foram reconhecidas como sendo da clínica fonoaudiológica, mesmo no princípio da profissão, quando poucos sabiam quem era o fonoaudiólogo e para quem era dirigido o seu trabalho. Ao longo dos anos a ciência produziu construções importantes que nos levaram a entender as diferenças entre alterações de fala de origem fonológica e de origem fonética. Ainda hoje, entretanto, muitas alterações da fala, decorrentes de alterações anatômicas e funcionais da face ou da cavidade oral e de suas estruturas, sem alteração do componente fonológico, causam dúvidas quanto ao seu tratamento.
    
Quando um profissional se depara com alterações de fala, excluídos os fatores fonológicos, é preciso verificar se a alteração pode ter alguma relação com características do sistema estomatognático. Quadros como hipertrofia de tonsilas palatinas ou faríngeas, alterações da oclusão dentária, disfunção temporomandibular, hipofunção muscular de língua ou lábios, respiração oral e seus decorrentes, limitação de frênulo lingual, entre outros, podem colaborar para a instalação de problemas de fala que ficarão mascarados caso o fonoaudiólogo não os considere na avaliação e, consequentemente, no tratamento.
      
Tomemos como exemplo o caso de uma mordida aberta anterior. O posicionamento de língua, nesse caso, é fundamental para o entendimento da etiologia e do tratamento dessa alteração oclusal. A própria condição pode favorecer o surgimento de um ceceio anterior. Em alguns casos, com a correção do trespasse vertical, há uma ajuste natural da postura lingual. Em outros, a mordida não fechará facilmente, pois outras podem ser as características que colaboram para a manutenção do quadro oclusal. Entre as alterações citadas, a de frênulo lingual sempre é um fator importante a ser considerado nas alterações de fala. Os estudos recentes da área (MARCHESAN, 2004; MARCHESAN, 2010) mostram que não há somente um tipo de frênulo alterado, ou mais facilmente reconhecido. Ao contrário, os autores apontam a existência de pelo menos três variações, além da clássica anquiloglossia, com língua totalmente fixada no assoalho da boca. São eles: o anteriorizado (quando na face inferior da língua, a fixação estiver acima da metade); o curto (com fixação no meio da face inferior da língua), como no frênulo normal, porém de menor tamanho; o curto e anteriorizado (apresenta uma combinação das características do frênulo curto e do anteriorizado).
      
Dados recentes de trabalhos com frênulo lingual em cadáveres e também oriundos de estudos clínicos (OLIVEIRA et al. 2010; WITWYTZKYJ et al., 2012) indicam que é possível objetivar a alteração do frênulo lingual e, com isso, o que se esperar como resultado terapêutico. Além disso, esses trabalham indicam que devemos avançar no sentido de identificar quais são as alterações esperadas em cada grau de frênulo lingual, em aspectos funcionais e posturais da língua. As alterações de fala, de acordo com Wertzner (2004), envolvem dificuldades nas habilidades motoras da produção de sons e podem ocorrer devido a imprecisão de zona de articulação, tempo, pressão e velocidade da produção, resultando em um som não padrão da fala. A importância de reconhecer cada quadro é porque, mesmo no caso de uma limitação no frênulo lingual, nem sempre a alteração é assim tão explícita. Por exemplo, o problema pode manifestar-se apenas na postura lingual e resultar na dificuldade em finalizar um caso ortodôntico. Podendo se manifestar na limitação da elevação da porção lateral da língua e a resultante pode ser uma distorção na produção dos fonemas fricativos S e Z; ou africados tz e dz. E possível, ainda, que a limitação da elevação de ponta de língua seja o principal problema e, nesse caso, poderá ser observado desde a omissão dos fonemas l; r ou lh, a distorção desses fonemas, que serão produzidos em local de medial a posterior na cavidade oral, geralmente produzidos com o dorso médio da língua contra o palato duro. Ainda há a possibilidade de haver apoio de lábio inferior, tornando a produção de um l ou r como uma semivogal. Também haverá casos em que, embora a alteração do frênulo esteja presente, há uma perfeita compensação, fazendo que somente testes mais sensíveis consigam captar e registrar o que, ao ouvido humano, soará como normalidade. E, nesse sentido, não há o que ser tratado. A colaboração dessa discussão para a clínica fonoaudiológica é a compreensão de que o mais importante é considerar e entender essas diferenças. Nesse sentido, a reflexão nos faz pensar que, cada vez mais, é necessário que nós, fonoaudiólogos, passemos a considerar, durante a avaliação, que há características muito peculiares a cada tipo facial e estruturas que compõem o sistema estomatognático. Além disso, é importante que cada vez mais nos apossemos e contribuamos com dados e pesquisa para tornar nossa prática mais fidedigna. Identificar cada subtipo de alteração de fala, validar as estratégias terapêuticas e seus efeitos parecem ser o caminho a percorrer no presente.
 
Fonte: TOMÉ, M.C. Revista Comunicar. Ano XIII, abril-junho, 2012. 

Postado por Fga. Sabrina Leão

terça-feira, 9 de maio de 2017

O desenvolvimento da fala na criança


O desenvolvimento da fala não se realiza em todas as criança da mesma forma e na mesma época, variando de acordo com a influência de fatores hereditários, condições orgânicas individuais e ambientais.
     
Ao nascer, a criança já apresenta alguns processos fisiológicos que depois vão participar da fonação. Estes são, principalmente, a respiração, a sucção, o grito e o choro infantil.
     
Ao vir ao mundo a criança chora, sendo esta a sua primeira manifestação provocada pela entrada de ar nos pulmões e pela mudança de temperatura, sendo o choro um reflexo involuntário.
     
Os choros de desagrado, são o início de uma manifestação linguística, pois traduzem sensação de mal-estar, fome, sede, etc.
     
No primeiro semestre, o bebê começa suas primeiras atividades, pondo-se a brincar com sua própria voz e com os ruídos de sua língua e de seus lábios. Costumam ser repetições incessantes e, aparentemente, sem motivo de sons vocais. A partir deste momento, a criança também passa a imitar os sons que ouve dos adultos só para divertir-se ou para agradá-los.
     
Numa criança normal, as primeiras expressões fônicas surgem quando há formação e memorização das imagens auditivas e visuais associadas ao desenvolvimento da coordenação muscular. Ela regula os sons que emite, através do processo de auto-regulação auditiva e visual.
     
No segundo semestre, a criança regula os sons da linguagem que se fala em torno dela. Esta etapa é de suma importância como fenômeno fisiológico, pois não só faz atuar a inibição que vai suprindo todos os sons que não são adequadamente reforçados, como também, a imitação vai reforçando todos os sons que são característicos da língua que se fala ao redor da criança.
     
Dos seis aos oito meses, há uma certa inibição. A criança, embora pouco fale, está acumulando lembranças fônicas, auditivas e visuais que associa com a sua significação efetiva. Neste período, a criança vai incorporando os primeiros feitos próprios da compreensão da linguagem, começando, então, a ligar uma palavra determinada a objetos relacionados com sua vida infantil, com suas atividades vitais, como por exemplo, a mãe, a alimentação, o sono, jogos, etc. Os primeiros significados que adquire estão ligados a tudo que constitui o seu interesse biológico central.
     
No terceiro semestre, a aquisição de palavras ao lado do aumento da compreensão da linguagem desenvolve-se rapidamente. Essas palavras ligam-se à objetos concretos que tem uma íntima relação com os interesses biológicos principais da criança.
     
No quarto semestre, a fala caracteriza-se por uma progressiva interação dos elementos da linguagem, regidos pela riqueza de influência social. Esta "influência social" traduz-se como uma aprendizagem, cuja expressão mais corrente é a imitação. Neste período, aparece a "palavra-frase", em que um só vocábulo tem a propriedade de transmitir um conteúdo comunicativo amplo e de significado completo.
     
A aquisição da linguagem falada referirá, a princípio, aos elementos concretos, aos substantivos e, imediatamente, passará por distintas etapas, tais como os verbos de ação, adjetivos, pronomes, chegando a uma etapa decisiva, com a aquisição do pronome pessoal "eu" por volta dos três anos.

Fonte: Fernandes Júnior (2002)


sexta-feira, 5 de maio de 2017

Comer corretamente ajuda no desenvolvimento da fala

 
A forma como a criança come influencia no desenvolvimento da fala. Durante a ato de comer utiliza-se a musculatura orofacial, interferindo assim na postura e força de lábios, língua e bochechas. Essas estruturas utilizadas para a mastigação, sucção e deglutição são as mesmas usadas durante a fala. Portanto, a forma como os alimentos são utilizados durante a alimentação faz toda a diferença.

Amamentação:
Ninguém tem dúvidas do quanto o leite materno é saudável e importante para o desenvolvimento da criança. Em relação à fala, a amamentação ajuda a desenvolver e fortalecer a musculatura orofacial, pois o recém nascido suga o seio, fazendo força com lábios, língua e bochechas. Este ato influenciará também no desenvolvimento da mandíbula e musculatura da face.
     
Dê sempre os dois seios em todas as mamadas. Inicie cada mamada pelo último seio dado na anterior. Evite também estipular um horário certo. No começo é o bebê quem determina esse horário e isso deve ser respeitado. O ideal é a amamentação exclusiva em livre demanda nos primeiros seis meses de vida. Em casos que o uso da mamadeira é necessário, orienta-se a utilização do bico ortodôntico.

Papinha:
A papinha nunca deve ser batida no liquidificador. O ideal é ofertá-la amassada e se necessário peneirada. Desta forma, o bebê é obrigado a “trabalhar” bem mais a musculatura, ao invés de apenas engolir o alimento. É importante a variação de alimentos ofertando carnes, legumes e verduras, a fim de não acostumar a criança a uma única consistência.

Canudinho:
A partir dos sete ou oito meses os líquidos já podem começar a ser dados no copo com uma colher ou  no canudo, se possível. Quanto antes a criança deixar a mamadeira (mesmo sendo de bico ortodôntico) melhor para o desenvolvimento da musculatura orofacial.

Comida comum da casa:
Com o tempo, procure amassar cada vez menos a comida. Por volta de um ano, um ano e meio passe a dar para a criança a comida comum da casa, e não esqueça de variar sempre nas consistências.


Por: Sabrina Leão

A importância do acompanhamento fonoaudiológico do paciente submetido à cirurgia ortognática


A cirurgia ortognática é um método utilizado para a correção das desproporções maxilomandibulares, tendo como objetivo proporcionar o equilíbrio entre as funções estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, fala e respiração) e as estruturas anatômicas. O fonoaudiólogo é um profissional com um importante papel na equipe. Sua atuação visa a reorganização neuromuscular para que haja uma execução harmônica das funções estomatognáticas, após a correção cirúrgica. O acompanhamento fonoaudiológico é fundamental para evitar recidivas, que podem surgir em decorrência da não-adaptação do sistema estomatognático. Devido ao grande número de alterações craniofaciais e oromiofuncionais apresentadas pelos portadores de desproporções maxilomandibulares, torna-se evidente a importância de uma equipe multidissiplinar acompanhando esses casos. Essa equipe é composta por ortodontista, cirurgião bucomaxilofacial, fonoaudiólogo, entre outros.
 
O tratamento ortodôntico na fase pré-operatória, tem como finalidade corrigir os maus posicionamentos dentários, para que, após a cirurgia, seja possível conseguir uma boa oclusão dentária e uma mastigação eficiente. No pós-operatório, a ortodontia objetiva a estabilização dos resultados da cirurgia, procurando evitar recidivas. Na equipe, o cirurgião bucomaxilofacial atua no reposicionamento das bases ósseas (maxila e mandíbula).
 
O papel do fonoaudiólogo é de adequar a musculatura e as funções estomatognáticas ao novo padrão oclusal do indivíduo. A participação desse profissional deve começar ainda na fase pré-operatória, diagnosticando as alterações miofuncionais orais que possam comprometer e resultado obtido pelos tratamentos ortodôntico e cirúrgico.
 
A orientação e o tratamento fonoaudiológicos diminuem considerávelmente os riscos de recidivas. A atuação fonoaudiológica oocorre em três fases distintas: pré-operatória; período de bloqueio maxilomandibular ou período de repouso da atividade mastigatória (35 a 60 dias); e após a retirada do bloqueio, ou após o período de repouso da mastigação.
As orientações devem ser iniciadas na fase pré-cirúrgica, entre um e três meses antes da cirurgia, a fim de desenvolver a percepção dos mecanismos e padrões musculares corretos envolvidos no repouso e nas funções orais. Esse trabalho no pré-operatório tem grande relevância no período pós-cirúrgico, no qual os impulsos aferentes sensitivos são enviados ao sistema nervoso central, desenvolvendo uma nova propriocepção.
 
A avaliação fonoaudiológica consiste na análise dos aspectos anatômicos, morfológicos e posturais das estruturas orofaciais, e, principalmente, da funcionalidade dessas mesmas estruturas durante a realização das diferentes atividades oromiofuncionais. O objetivo dessa avaliação pré-cirúrgica é detectar desequilíbrios importantes que possam influenciar negativamente no resultado da cirurgia.

A sensibilidade também precisa ser muito bem avaliada ainda no pré-operatório. A gustação, o olfato e as sensibilidades tátil e térmica podem sofrer alterações transitórias após a cirurgia.

Quando há um espaço intrabucal diminuído, associado a uma tonicidade muscular muito comprometida, inicia-se o trabalho muscular e proprioceptivo ainda no pré-operatório. Nesses casos, inicia-se também a adequação da mastigação e da deglutição, pois, iniciando a reabilitação nesse período maiores serão os benefícios ao paciente no pós-operatório, isso porque as forças anômalas da língua, estando bem trabalhadas, não poderão desestabilizar o bloqueio, oferecendo maior segurança no período de retirada do mesmo.
 
No pós-cirúrgico, usam-se elásticos ortodônticos entre as arcadas nas primeiras semanas, objetivando pequenos ajustes para garantir a estabilidade oclusal. Isso possibilita ao paciente higienizar os dentes e falar de uma forma segura nos primeiros dias após a cirurgia. No entanto, o paciente é orientado a não comer sólidos, a fim de evitar movimentos mastigatórios.
     
Em certos casos, o bloqueio maxilomandibular é utilizado por um período mais longo. Isso pode ocasionar uma adaptação miofuncional oral espontânea. Essa adaptação é consequência da falta de mobilidade que “apaga” o esquema proprioceptivo anterior. Existem casos também em que, após a cirurgia e o correto posicionamento dentário, os tecidos moles não se reestruturam satisfatóriamente, não apresentando boa resposta funcional. Sendo assim, alguns hábitos inadequados podem permanecer, forçando as estruturas operadas e prejudicando os tratamentos ortodôntico e cirúrgico. Por isso, é muito importante a fonoterapia nesses casos, para ajudar o desenvolvimento de um novo padrão funcional adequado à nova forma, antes do surgimento de novos mecanismos adaptativos.
      
As funções estomatognáticas são automáticas, pois ocorrem abaixo do nível de consciência. Por serem automáticas, dependem da propriocepção dos tecidos duros e moles que compõem a cavidade oral e a face. As mudanças bruscas ocasionadas pela cirurgia, podem resultar em uma “confusão funcional”, que desestabiliza a motricidade orofacial do paciente, afirmam Aléssio, Mezzomo e Korbes (2007).
     
Os riscos de uma recidiva no pós-operatório da cirurgia ortognática serão bem reduzidos se as estruturas orofaciais e suas funções estiverem adequadas, mantendo a harmonia da oclusão e não forçando essas estruturas com os antigos padrões adaptativos.
 
Bibliografia consultada: 
ALÉSSIO CV, MEZZOMO CL, KORBES D. Intervenção Fonoaudiológica nos casos de pacientes classe III com indicação à Cirurgia Ortognática. Arquivos em Odontologia, Volume 43, Nº 03, Julho/Setembro de 2007
FRAGA JA, VASCONCELOS RJH. Acompanhamento fonoaudiológico pré e pós-operatório de cirurgia ortognática: relato de caso.


Por: Sabrina Leão

Alterações miofuncionais orais na Classe III de Angle


Na Classe III, os primeiros molares inferiores posicionam-se mesialmente em relação aos superiores, e o arco mandibular encontra-se maior em relação ao maxilar. Tal alteração decorre do prognatismo mandibular (tamanho desproporcionalmente maior da mandíbula em relação à maxila) e do retrognatismo maxilar (achatamento do terço médio da face). O perfil do paciente é côncavo, variando o gral de acordo com a gravidade do caso. Indivíduos com este tipo de deformidade sempre apresentam alterações miofuncionais orais.
     
Durante a fase de crescimento, pequenas ou grandes alterações nesse processo podem interferir no desenvolvimento craniofacial, assim como nas estruturas moles, resultando em alteração no tônus, na postura, na mobilidade e consequentemente nas funções miofuncionais orais.
     
No prognatismo, a língua posiciona-se no assoalho da boca, permanecendo plana e hipotônica, devido ao maior tamanho e profundidade da mandíbula. A base da língua posiciona-se mais baixa, não tendo, portanto, contato direto com o palato mole, fazendo com que o mesmo posicione-se de forma mais verticalizada.
     
Na Classe III, não há um vedamento labial adequado. O lábio inferior encontra-se hipotônico enquanto que o músculo mentual, na tentativa de compensar a hipofuncionalidade desse lábio, torna-se hiperfuncional. O lábio superior apresenta um aspecto encurtado, com tonicidade diminuída e ausência de vedamento labial.
     
O palato duro apresenta-se quase sempre em ogiva, relacionado à presença  de respiração oral e, por outro lado, de uma mordida cruzada completa. Essa mordida cruzada é consequência de alterações no padrão mastigatório.
     
O padrão mastigatório na Classe III, é geralmente verticalizado, sem movimentos de lateralização de mandíbula, pois, este movimento é difícil, uma vez que a maxila está acomodada dentro da mandíbula, inviabilizando os movimentos de laterotrusão. Além disso, há excessiva utilização do dorso da língua, esmagando o alimento contra o palato.
     
O músculo bucinador, fica hipofuncional, resultando em pouco ou nenhuma atuação durante a mastigação, devido à discrepância das bases ósseas e da alteração oclusal.
     
Na fase pré-cirúrgica, a atividade muscular do prognata apresenta níveis baixos. Após a cirurgia, há um aumento significativo na contração dos músculos masséter e temporal.
     
A deglutição caracteriza-se por uma pressão atípica de dorso de língua no palato, com excessiva participação da musculatura perioral e projeção de língua. Contudo, a projeção lingual anterior não agrava mais o quadro, pois esta é uma condição funcional adaptativa. A deglutição é ainda mais prejudicada pela malformação do bolo alimentar, devido a mastigação ineficiente.
     
A fala do prognata apresenta distorções fonéticas devido a hiperfunção do lábio superior, alterando fonemas como [f] e [v], que são produzidos pelo contato do lábio superior com os incisivos inferiores; [s] e [z] que são produzidos com a elevação do dorso da língua; e os fonemas linguoalveolares, como [t, d, l, n, r], produzidos com a anteriorização da língua ou pelo contato da língua com o lábio superior. O lábio superior é mais usado durante a produção dos fonemas bilabiais [p, b, m]. Já nos linguoalveolares e sibilantes como [s] e [z], também pode ocorrer a utilização da parte média da língua.
 
Bibliografia consultada: ALÉSSIO CV, MEZZOMO CL, KORBES D. Intervenção Fonoaudiológica nos casos de pacientes classe III com indicação à Cirurgia Ortognática. Arquivos em Odontologia, Volume 43, Nº 


Por: Sabrina Leão

A Fonoaudiologia e a Cirurgia Ortognática


Desde 1978 a fonoaudiologia tem estudado as deformidades maxilomandibulares e em 1983, Bell criou um método de reabilitação pós-cirúrgico com exercícios de mobilidade e tônus visando a normalização da abertura bucal e adequação da função mastigatória. A partir de então descobriu-se um novo e interessante campo de atuação para a fonoaudiologia: a reabilitação miofuncional oral associada aos casos de cirurgia ortognática.
  

A cirurgia ortognática é um ramo da cirurgia que se preocupa com as alterações dentofaciais. É somente realizada em pacientes adultos, em sua grande maioria na faixa etária dos 16 aos 30 anos, com boa saúde. Trata-se de uma cirurgia longa, sendo necessária anestesia geral e níveis de coagulação sanguínea adequados.
     
As principais desproporções maxilomandibulares que podem ser corrigidas pela cirurgia ortognática são: o prognatismo, o retrognatismo, a microgenia, a macrogenia, a protrusão maxilar, a retrusão maxilar e a assimetria facial. Este tipo de alterações resultam em grandes desproporções de bases ósseas e musculares, resultando em um sistema estomatognático deficiente.
    
O cirurgião juntamente com o ortodontista definem o plano de tratamento á que o paciente será submetido. Tal plano deve sempre constar a documentação ortodôntica com seu estudo, os modelos de gesso superior e inferior das arcadas dentárias, radiografias panorâmica e periapical, teleradiografia de perfil póstero-anterior, slides intra-bucais e estudo da articulação temporomandibular. As possibilidades de eliminação das causas da deformidade também são avaliadas, devido à possibilidade de recidivas no pós-tratamento.
     
O tratamento deste tipo de paciente envolve uma equipe multiprofissional onde fazem parte: o cirurgião bucomaxilofacial, o ortodontista, dentistas em geral, o otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo e, quando necessário o psicólogo e o alergista. Cabe ao bucomaxilo e ao ortodontista todo o planejamento pré e pós cirúrgico.

Atuação fonoaudiológica no pré-cirúrgico
O ideal é que o paciente seja encaminhado para  avaliação fonoaudiológica ainda neste período, possibilitando ao profissional um trabalho cerca de dois meses antes da cirurgia.
     
Nesta etapa, inicia-se o trabalho de adequação da musculatura, porém o mais importante são as orientações quanto à propriocepção dos pontos corretos de postura e deglutição, mesmo sabendo que a automatização das funções não ocorrerá. O fonoaudiólogo pode dar ao paciente um suporte para a cirurgia, orientando quanto à alimentação e a higiene, discutindo os hábitos orais e os aspectos da internação. A avaliação neste período é necessária para descobrir as possíveis interferências musculares que possam comprometer o resultado da cirurgia.

Atuação fonoaudiológica no pós-cirúrgico
O paciente poderá iniciar o tratamento pós-cirúrgico somente após ser liberado pelo cirurgião. Neste momento a avaliação fonoaudiológica servirá para constatar se os maus hábitos anteriores à cirurgia desapareceram.
     
Neste período, todo o paciente apresenta sequelas circunstânciais que serão observadas durante a avaliação miofuncional oral como a diminuição da amplitude da abertura da boca e a paresia do mento.

O fonoaudiólogo que atua com pacientes de ortognática tem um conhecimento básico sobre ortodontia e procedimentos e técnicas cirúrgicas. Além disso, tem um conhecimento aprofundado sobre motricidade orofacial, entendendo assim sobre musculatura, funcionamento e oclusão.
     
O trabalho fonoaudiológico na reabilitação das cirurgias ortognáticas é de extrema importância, pois pode auxiliar com seu diagnóstico, evidenciando as alterações miofuncionais, ajudando a promover uma maior estabilidade no resultado final do tratamento.

Por Fga. Sabrina Leão

A atuação fonoaudiológica na fase pré-cirurgia ortognática


Na fase pré-cirúrgica, o tratamento fonoaudiológico deve iniciar-se cerca de dois ou três meses antes da cirurgia. Seu objetivo é desenvolver a percepção dos mecanismos e padrões musculares envolvidos na realização das funções orais. Este trabalho resulta na conscientização do paciente em relação ao modo como executa as funções orais, possibilitando maior controle sobre as mesmas. Assim, o paciente consegue compreender quais são as reais possibilidades terapêuticas, direcionando suas expectativas quanto ao procedimento.
     
No avanço cirúrgico da maxila, é de suma importância a avaliação da função velofaríngea pelo fonoaudiólogo, já que tal procedimento tende a aumentar a ressonância nasal. Tais estratégias tentam minimizar os riscos de recidivas musculares pós-operatórias.
    
O trabalho fonoaudiológico pode iniciar-se muitas vezes na fase anterior à pré-cirúrgica. É o chamado 
período de preparação ortodôntica. Neste momento, os pacientes à serem submetidos à avaliação fonoaudiológica apresentam: disfunção craniomandibular (DCM), respiração bucal, alterações na qualidade vocal e alterações na musculatura da mímica facial.
     
A disfunção craniomandibular (DCM) relaciona-se ao retrognatismo ou ao prognatismo mandibular. 
     
A terapia fonoaudiológica atua no controle dos hábitos orais deletérios. Os hábitos mais comuns são: bruxismo; protrusão de língua (em casos de retrognatismo); mascar chicletes; morder os lábios, morder a língua, bochecha e-ou objetos; fumar; repousar a manbíbula sobre a mão constantemente e roer as unhas.
     
Casos de deficiência transversal de maxila geralmente associam-se à insuficiência respiratória nasal, podendo esta ser trabalhada pelo fonoaudiólogo ainda no período pré-operatório. A expansão cirúrgica da maxila resulta no aumento transitório da cavidade nasal, o que facilitará a adequação da respiração.
     
Os aspectos vocais também devem ser avaliados, pois, a qualidade vocal e algumas características ressonantais sofrem influência da dimensão, constrição e expansão da cavidade faríngea.
     
O tipo respiratório costal superior, associado ao padrão articulatório travado, decorrente de quadro de disfunção craniomandibular (DCM), podem resultar em inadaptações laríngeas, ocasionando uma disfonia.
     
A limitação na amplitude da boca também é trabalhada na terapia miofuncional orofacial, pois ocasiona limitações articulatórias decorrentes dos prejuízos à mobilidade e tonicidade da musculatura orofacial.


Por Fga. Sabrina Leão

A atuação fonoaudiológica na fase pós-cirurgia ortognática


A inter-relação entre as estruturas que formam o sistema estomatognático e executam suas funções podem levar a processos compensatórios. Estes processos são regulados por mecanismos de feedback existentes entre as estruturas ósseas e musculares. Portanto, após a cirurgia ortognática estas estruturas faciais podem sofrer mudanças no mecanismo de retroalimentação proprioceptivo, em especial as estruturas periodontais, alterando a atividade muscular.
     
O fonoaudiólogo tem um importante papel junto à equipe de cirurgia ortognática, pois ajuda no direcionamento da reorganização neuromuscular necessária para a execução harmônica das funções estomatognáticas após o procedimento cirúrgico.
     
Após a conclusão do planejamento operatório, as condições da musculatura orofacial podem ser modificadas com o propósito de auxiliar a manutenção da estabilidade pós-cirúrgica, diminuindo os riscos de recidiva ou instalação de quadros de disfunção craniomandibular.
     
A avaliação miofuncional orofacial deve ser realizada nos períodos pré e pós-operatório, com o objetivo de colher dados sobre a história clínica e condições anátomo-funcionais do sistema estomatognático, possibilitando a observação dos mecanismos utilizados pelo paciente e a presença ou não de maus hábitos orais.
     
A análise dos aspectos morfológicos, realizada através do estudo cefalométrico considera as características dento-oclusais, simetria, proporção e tipologia facial, pois tais aspectos são determinantes para as funções orais.
     
A reabilitação fonoaudiológica nos casos de cirurgia ortognática é impressindível pois, a incorreta readaptação muscular neste período compromete o desempenho das funções estomatognáticas assim como a estabilidade dentofacial. Portanto, este paciente deverá submeter-se a reavaliação miofuncional oral de vinte a sessenta dias após a cirurgia.
     
A reavaliação miofuncional oral será igual a avaliação pré-operatória, porém o fonoaudiólogo neste momento leva em consideração a presença de edemas, tempo e tipo de bloqueio intermaxilar (BIM) a que o paciente foi submetido. Tais fatores podem trazer alterações significativas de mobilidade mandibular e da musculatura orofacial, além de alterações da sensibilidade.
     
Após a cirurgia, o paciente apresenta redução da mímica facial e fala imprecisa, decorrente do medo de sentir dor. Há perda da sensibilidade nas regiões da mucosa vestibular e labial, podendo influenciar na postura dos lábios, repouso e execução das funções orais.
     
No período de utilização do BIM o tratamento tem como objetivo desenvolver a exterocepção e propriocepção da região orofacial, sendo que há uma dificuldade no controle muscular, prejudicando a postura labial e o controle de saliva e deglutição de líquidos.
     
Após a retirada do BIM, objetiva-se a promoção do alongamento da musculatura responsável pela mobilidade mandibular e mímica facial; adequação da tonicidade muscular das estruturas envolvidas nas funções orais; introdução de novas texturas alimentares e adequações dos padrões atípicos de mastigação, deglutição e fonoarticulação.
     
Destaca-se a importância da avaliação e acompanhamento vocal destes pacientes, pois, o procedimento cirúrgico pode alterar o posicionamento do osso hióide e, consequentemente, da laringe no pescoço, alterando a vibração das pregas vocais. Dá-se nestes casos, especial atenção aos pacientes que utilizam a voz profissionalmente.
     
O fonoaudiólogo atuante na reabilitação das desproporções maxilomandibulares deve ter profundo conhecimento de anatomia e fisiologia do sistema estomatognático, assim como dos procedimentos cirúrgicos e ortodônticos a que o paciente de ortognática é submetido. As avaliações miofuncional orofacial e vocal devem ser um processo contínuo, para que seja possível o estabelecimento das relações funcionais e terapêuticas adequadas à forma com a qual as estruturas moles deverão se relacionar nas fases pré e pós do tratamento ortodôntico-cirúrgico.

Por Fga. Sabrina Leão

Fonoaudiologia e Ortodontia


Um grande percentual de pacientes dos consultórios odontológicos é portadora de algum tipo de Distúrbio Miofuncional Orofacial. Atualmente, o fonoaudiólogo atua  com os pacientes de prótese removível parcial ou total, odontopediatria, disfunções da ATM (Articulação Temporo-mandibular), ortodontia, buco-maxilo facial (cirurgia ortognática, traumas de face, oncologia), periodontia e ortopedia funcional.
     
A Fonoaudiologia em conjunto com a Ortodontia, realizam importante avaliação morfofuncional para correção dos desvios das funções neuro-vegetativas e morfológicas do sistema estomatognático, que são as funções estomatognáticas de sucção, mastigação e deglutição.
      
O ortodontista deve estar bem informado sobre a importância dessa atuação em conjunto, e, de como a fonoaudiologia pode tornar o tratamento ortodôntico mais eficaz. Sendo assim, é essencial que o ortodontista procure conscientizar seus pacientes sobre a importância do diagnóstico e intervenção multidisciplinar, diminuindo assim os danos causados ao crescimento e desenvolvimento das estruturas craniofaciais o mais cedo possível.
      
O Sistema Estomatognático é composto pelos dentes, ossos maxilar e mandibular, musculatura orofacial, vasos sanguíneos e nervos. Essas estruturas precisam de harmonia entre si para o correto crescimento e desenvolvimento das estruturas, garantindo um funcionamento eficiente de suas funções.
      
Segundo Terra (2004), as funções estomatognáticas são: sucção, mastigação, deglutição, respiração, fonação, expressão facial, postura de mandíbula e de língua e manutenção da condição postural da cabeça, além da função morfogenética, que diz respeito à forma dos arcos dentários. Sendo assim, não deve-se esquecer que para um adequado funcionamento das funções, é necessária a adequação das estruturas estomatognáticas que as executam. Tais estruturas tem relação direta com a qualidade  dos movimentos vinculados à estabilidade das articulações temporo-mandibulares. 
      
A mastigação é a mais importante função estomatognática, pois sua qualidade interfere diretamente no crescimento e desenvolvimento craniofacial. Nada mais é que a ação de morder, triturar e pasteurizar o alimento. Surge ainda no período embrionário, por volta do sétimo mês gestacional, mas torna-se efetivo apenas durante o início da erupção dentária, por volta de um ano e meio de idade.
      
A mastigação é uma função essencial para a prevenção dos distúrbio miofuncionais orais, sendo responsável pelo desenvolvimento maxilar, além da manutenção dos arcos dentários, estabilidade da oclusão e equilíbrio muscular e funcional, necessários para a deglutição correta e articulação dos fonemas.
      
Para Terra (2004), a função mastigatória contribui significativamente para o desenvolvimento craniofacial. A mandíbula é um ativador contra a maxila, e, a maxila é um receptor. A mastigação surge no SNC e no estímulo periférico periodontal que provavelmente é responsável pelo padrão mastigatório. Portanto, a mastigação errada, pode ser fator etiológico de maloclusão e recidiva dos tratamentos ortodôntico ou ortopédico. Portanto, o conhecimento básico da neurofisiologia oral dá melhor suporte para melhores resultados clínicos.


Por Fga. Sabrina Leão

Falando sobre Distúrbios Miofuncionais Orofaciais


Função orofacial é a atividade neuromuscular que gera forças mecânicas e ao processo pelo qual essas forças são dissipadas pelos tecidos esqueléticos associados com as ATMs.” (Hinton e Carlson, 2000 apud Felício, 2009)

Sem a harmonia entre as estruturas orofaciais não existem comportamentos orofaciais adequados, pois, o crescimento e desenvolvimento craniofacial é afetado, influenciando negativamente toda a funcionalidade do sistema estomatognático.

Quando a morfologia do indivíduo apresenta-se adequada, a normalidade das estruturas gera forças favoráveis ao equilíbrio do sistema estomatognático. Na presença de alterações estruturais, surge o distúrbio miofuncional orofacial, que altera o padrão normal das funções de mastigação, deglutição e fala.

Na presença de distúrbio miofuncionais orofaciais, o sistema estomatognático mesmo apresentando alterações ,continua funcionando para realizar suas funções vitais. Para isso, surgem padrões modificados de funcionamento tais como: padrões atípicos, adaptativos e compensatórios.

O padrão atípico, ou função atípica é muito observado na deglutição. Segundo Marchesan (2005), a deglutição atípica corresponde a “movimentação inadequada da língua e outras estruturas que participam do ato de deglutir, durante a fase oral da deglutição. A deglutição atípica é resultante de alterações de tônus, mobilidade, postura inadequada de cabeça e alterações da propriocepção dos órgãos fonoarticulatórios.

A diferença entre função atípica e função adaptada é que a atípica tem origem neuromuscular enquanto a adaptada possibilita um funcionamento compatível com a condição estrutural existente, quando esta inviabiliza a realização dos padrões fisiológicos normais.

A função apresenta uma atividade compensatória quando existe algum dano no sistema estomatognático, sendo realizada uma mudança no padrão normal, com objetivo de evitar traumas, minimizar ou evitar dores e uma disfunção ainda maior.

Em muitos casos uma compensação pode ser considerada uma adaptação, sendo que quase sempre as alterações oclusais ou na ATM implicam em mudanças funcionais. Segundo Felício (2009), a oclusão normal não pode se desenvolver sem a função normal, e uma má oclusão grave não suporta as necessidades funcionais. Sendo assim, as atipias geram alterações miofuncionais orofaciais que interferem negativamente no crescimento e desenvolvimento craniofacial, resultando em alterações oclusais. É importante enfatizar, porém, que o inverso também pode ocorrer: uma má oclusão pode gerar adaptações que resultam em alterações funcionais. Portanto, um quadro de má oclusão sempre apresentará alterações miofuncionais orofaciais.

Bibliografia consultada: MARCHESAN, I.Q. Fundamentos em Fonoaudiologia: aspectos clínicos da motricidade oral. Guanabara Koogan, 2ª. Edição. Rio de Janeiro, 2005.
FELÍCIO, C.M. Desordens temporomandibulares e distúrbios miofuncionais orofaciais. In: FELÍCIO, C.M.; TRAWITZKI, L.V.V. Interfaces da medicina, odontologia e fonoaudiologia no complexo cérvico-craniofacial. Vol. 1. Ed. Pró-Fono. Barueri, 2009. 


Por Fga. Sabrina Leão

Fatores causais das disfonias funcionais


As chamadas disfonias funcionais são alterações vocais que não apresentam nenhuma lesão visível no exame laringoscópico.

Esse tipo de disfonia é o mais frequentemente encontrado. Suas causas devem-se ao uso incorreto da voz e inadaptações vocais. A falta de conhecimento vocal e o modelo vocal deficiente resultam no uso incorreto da voz. Abaixo veja alguns exemplos de fatores causais das disfonias funcionais, segundo Behlau, Azevedo, Pontes & Brasil.

-falta de alinhamento postural adequado entre a cabeça e o corpo;
-soltar o ar expiatório antes de falar;
-inspirar profundamente antes de cada emissão;
-falar na inspiração;
-falta de coordenação adequada entre a respiração e a fonação;
-tensão generalizada de todo o corpo durante a emissão;
-tensão generalizada de todo o aparelho fonador durante a fala;
-usar constantemente intensidade excessivamente elevada ou reduzida;
-usar constantemente velocidade de fala aumentada;
-cantar constantemente sem técnica vocal adequada;
-usar excessivamente freqüências muito agudas ou muito graves;
-não articular de modo diferencial os sons da fala;
-falar constantemente sussurrando;
-usar constantemente práticas vocais abusivas como pigarrear e tossir com esforço;
-falar por longos períodos com o fone do telefone apoiado no ombro.

Por Fga. Sabrina Leão

Fonoaudiologia: verdades que precisam ser ditas


A fala é um privilégio concedido pela natureza somente à espécie humana. Algumas aves até podem repetir a fala humana, mas utilizá-la para expressar sentimentos apenas o homem faz. Usamos a fala para expressar nossos interesses, gostos, sentimentos e conhecimentos. Por ser algo comum no nosso dia-a-dia, esse processo nos parece muito simples, contudo, para que possamos falar corretamente, além de um ambiente familiar e social favorável, muitas estruturas do corpo humano precisam funcionar com perfeição.
 
Desde que nascemos ações como sugar, morder, mastigar, engolir, rir e chorar preparam os músculos de nossa face para a fala. Além desses músculos, para falar precisamos também que o cérebro tenha registrado os sons e nomes das palavras ouvidas, que organize o pensamento, relacione idéias e que deseje se comunicar.
 
Uma fala clara e correta é primordial para transmitirmos nossos pensamentos com exatidão e confiança a quem ouve. Alterações no modo de falar ou na forma de organizar os pensamentos a serem transmitidos podem levar à incompreensão da mensagem falada. Por outro lado, a fala pode até ser transmitida com exatidão, mas se a audição não estiver funcionando bem, a mensagem ouvida também poderá não ser compreendida em sua totalidade.
 
Desta forma é importante saber que a Fonoaudiologia é a profissão de saúde que atua com os aspectos relacionados à comunicação humana, no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeiçoamento, distúrbios e diferenças, em relação à audição, ao equilíbrio (função vestibular), à função cognitiva, à linguagem oral e escrita, à fala, à fluência, à voz, às funções orofaciais e à deglutição.
 

Fonte: Conselho Federal de Fonoaudiologia

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Pais podem prejudicar o aprendizado da fala das crianças

 Algumas atitudes dos pais podem atrasar o processo de desenvolvimento da fala das crianças.


Claro que não é intencional por parte dos adultos, já que as primeiras palavrinhas são mais do que esperadas. Na maioria das vezes, os pais estão apenas tentando ajudar a criança.
Um dos erros mais comum é corrigir a criança quando esta fala uma palavra incorreta ou repetir a palavra errada porque ficou “engraçadinho”.

Se os pais corrigem sempre a palavra errada, a criança pode ficar envergonhada e até irritada por ser constantemente corrigida e não querer falar mais. Já repetindo a palavra errada e achando graça os pais estarão incentivando a criança a continuar a falar errado. O ideal é repetir a palavra corretamente sem corrigir. Se a criança diz “Olha o tatorro”, os pais devem responder enfatizando a palavra correta “Cadê o cachorro? O que o cachorro está fazendo? Que bonito o cachorro!”. Indiretamente ele está ensinando a criança sem ser rígido ou até mesmo grosso.

Trocar o nome de um objeto por um mais fácil achando que ajudará a criança é errado também. Chamar a chupeta de “peta” ou a mamadeira de “Tetê” faz com que a criança tenha que aprender duas palavras para um mesmo objeto, podendo prejudicar e atrasar o desenvolvimento da linguagem.

Dizer “Té o seu bunetu?” em vez de “Quer o seu boneco?”. Isso pode atrasar o desenvolvimento de alguns sons e os pais também estarão incentivando a fala errada.

Diminutivos não são bem vindos para os pequenos que estão começando a falar. Dizendo carrinho para carro ou gatinho para gato os pais estão aumentando a palavra,, dificultando o entendimento e a produção da fala.

Estimule o pequeno a dizer o que ele quer - Um dos artifícios que as crianças usam quando estão começando a desenvolver a fala é o gesto. Aponta para a água quando quer água, para o brinquedo quando quer brincar ou mesmo para a cama quando quer dormir. Se os pais simplesmente executam o desejo da criança não estão criando nela a necessidade de falar.
 Falar é difícil para quem está começando e, se apontando tem o que quer, porque a criança vai querer falar? Os pais devem falar o que a criança quer antes de realizar o desejo e se a criança já produz alguns sons deixe que tente falar, mesmo que não saia o som correto, depois repita a palavra corretamente e faça o que a criança quer.

Uma das dicas mais importantes é conversar com a criança na sua altura, olho no olho. Abaixe-se e fale com os pequenos assim eles poderão ter um modelo visual, verão os movimentos dos lábios e língua, além do modelo auditivo. Até os três anos a criança pode falar alguns sonzinhos errados, mas todos devem entendê-la. Já aos cinco, a articulação da fala deve estar completa usando muito bem a linguagem.

Qualquer dúvida procure um fonoaudiólogo para uma avaliação da fala e linguagem da criança.


Fonte: Site Guia do Bebê

Os riscos do atraso no diagnóstico de problemas de fala

Qualquer problema relacionado a ela pode dificultar a comunicação e, com o tempo, abalar o emocional da criança e adulto

A fala é uma característica que difere os seres humanos. Qualquer problema relacionado a ela pode dificultar a comunicação e, com o tempo, abalar o emocional da criança e adulto. Portanto, o encaminhamento para o fonoaudiólogo deve ser o mais precoce possível. Mas um grande erro tem ocorrido e trazido prejuízo ao desenvolvimento das crianças.

A maior parte dos pediatras não encaminha a criança com alteração no desenvolvimento de linguagem no período adequado. Essa é a conclusão do estudo da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo – USP – e publicada na Revista CEFAC (Atualização Científica em Fonoaudiologia e Educação).

Sabe quais riscos quando os pais demoram a levar os filhos para um diagnóstico preciso?

Vejamos. Metade das crianças com um atraso na fala aos 24-30 meses pode apresentar atraso severo entre 3 e 4 anos. Além disso, um distúrbio de aprendizagem pode ser verificado posteriormente no ingresso à escola.

Um atraso no desenvolvimento da fala pode causar mais tarde uma dificuldade no convívio com outras crianças na escolinha, sendo alvo de constrangimentos, já que é percebida pela sua dificuldade. Isso pode gerar apelidos que podem permanecer por muito tempo, gerando prejuízos emocionais até a idade adulta.

A comunicação, isto é, a fala, permite uma maior liberdade, onde a criança planeja e orienta suas ações, expressa seus sentimentos, diminuindo assim sua impulsividade e agressividade.

Os casos mais sérios de alteração de fala principalmente com dificuldade de interação ou patologia mais grave são detectados e encaminhados mais precocemente. Já os distúrbios mais simples e comuns, como um atraso do desenvolvimento da fala ou distúrbio fonológico (omissão ou trocas de fonemas), têm sido encaminhados com 3 anos ou mais, tornando a terapia mais demorada.

Os erros

Os médicos têm a preocupação com a idade em que a criança começa a falar, mas, normalmente, só encaminham quando os pais ou a escola fazem queixa sobre o desenvolvimento da comunicação dos pequenos. E a criança, vítima, sofrerá para lidar com um obstáculo que poderia ter sido detectado com antecedência ou por profissional específico para o assunto.

Um dos motivos para que ocorra atraso na descoberta do problema é a formação dos profissionais médicos, que relataram ao estudo da USP não ter nada específico que abordasse o tema linguagem infantil. Recado para mamãe e papai: saibam diferenciar os profissionais. Um fonoaudiólogo é o mais indicado a conferir o problema de fala.

Mesmo entre os pediatras mais experientes, é comum que a consulta tenha como objetivo a doença e não a preocupação com questões básicas do desenvolvimento da criança, como a fala, que podem ser tão prejudiciais quanto qualquer outro problema de saúde", relata Luciana Paula Maximino, uma das autoras do trabalho e professora do Departamento de Fonoaudiologia.

Fonte: Site Guia do Bebê