Desde
1978 a fonoaudiologia tem estudado as deformidades maxilomandibulares
e em 1983, Bell criou um método de reabilitação pós-cirúrgico
com exercícios de mobilidade e tônus visando a normalização da
abertura bucal e adequação da função mastigatória. A partir de
então descobriu-se um novo e interessante campo de atuação para a
fonoaudiologia: a reabilitação miofuncional oral associada aos
casos de cirurgia ortognática.
A
cirurgia ortognática é um ramo da cirurgia que se preocupa com as
alterações dentofaciais. É somente realizada em pacientes adultos,
em sua grande maioria na faixa etária dos 16 aos 30 anos, com boa
saúde. Trata-se de uma cirurgia longa, sendo necessária anestesia
geral e níveis de coagulação sanguínea adequados.
As principais desproporções maxilomandibulares que podem ser corrigidas pela cirurgia ortognática são: o prognatismo, o retrognatismo, a microgenia, a macrogenia, a protrusão maxilar, a retrusão maxilar e a assimetria facial. Este tipo de alterações resultam em grandes desproporções de bases ósseas e musculares, resultando em um sistema estomatognático deficiente.
O cirurgião juntamente com o ortodontista definem o plano de tratamento á que o paciente será submetido. Tal plano deve sempre constar a documentação ortodôntica com seu estudo, os modelos de gesso superior e inferior das arcadas dentárias, radiografias panorâmica e periapical, teleradiografia de perfil póstero-anterior, slides intra-bucais e estudo da articulação temporomandibular. As possibilidades de eliminação das causas da deformidade também são avaliadas, devido à possibilidade de recidivas no pós-tratamento.
O tratamento deste tipo de paciente envolve uma equipe multiprofissional onde fazem parte: o cirurgião bucomaxilofacial, o ortodontista, dentistas em geral, o otorrinolaringologista, o fonoaudiólogo e, quando necessário o psicólogo e o alergista. Cabe ao bucomaxilo e ao ortodontista todo o planejamento pré e pós cirúrgico.
Atuação
fonoaudiológica no pré-cirúrgico
O
ideal é que o paciente seja encaminhado para avaliação
fonoaudiológica ainda neste período, possibilitando ao profissional
um trabalho cerca de dois meses antes da cirurgia.
Nesta etapa, inicia-se o trabalho de adequação da musculatura, porém o mais importante são as orientações quanto à propriocepção dos pontos corretos de postura e deglutição, mesmo sabendo que a automatização das funções não ocorrerá. O fonoaudiólogo pode dar ao paciente um suporte para a cirurgia, orientando quanto à alimentação e a higiene, discutindo os hábitos orais e os aspectos da internação. A avaliação neste período é necessária para descobrir as possíveis interferências musculares que possam comprometer o resultado da cirurgia.
Atuação
fonoaudiológica no pós-cirúrgico
O
paciente poderá iniciar o tratamento pós-cirúrgico somente após
ser liberado pelo cirurgião. Neste momento a avaliação
fonoaudiológica servirá para constatar se os maus hábitos
anteriores à cirurgia desapareceram.
Neste período, todo o paciente apresenta sequelas circunstânciais que serão observadas durante a avaliação miofuncional oral como a diminuição da amplitude da abertura da boca e a paresia do mento.
O
fonoaudiólogo que atua com pacientes de ortognática tem
um conhecimento básico sobre ortodontia e procedimentos e técnicas
cirúrgicas. Além disso, tem um conhecimento aprofundado sobre
motricidade orofacial, entendendo assim sobre musculatura,
funcionamento e oclusão.
O trabalho fonoaudiológico na reabilitação das cirurgias ortognáticas é de extrema importância, pois pode auxiliar com seu diagnóstico, evidenciando as alterações miofuncionais, ajudando a promover uma maior estabilidade no resultado final do tratamento.
Por Fga.
Sabrina Leão
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