Pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Washington mostrou que a maneira com que olhamos uns para os outros é determinada por um forte componente genético e isso pode ser um caminho para descobrir quais genes estão diretamente ligados ao transtorno do espectro autista
A
ciência já sabe que crianças
autistas olham
menos para rostos e mais para objetos do que as que
têm desenvolvimento
típico.
Mas não é só isso. Uma nova pesquisa da Universidade de Washington
mostrou que a genética é o fator decisivo para essa diferença.
No
estudo, os cientistas analisaram os movimentos oculares de 338 bebês
entre 1 ano e meio e dois anos, levando em consideração para onde
direcionavam o olhar ao ver uma cena com diversos elementos. Entre
eles havia 250 crianças de desenvolvimento normal (41 pares de
gêmeos idênticos, 42 pares de gêmeos não idênticos e 84 crianças
sem parentesco) e 88 crianças com autismo.
Durante
os testes, os pequenos assistiram a vídeos de mulheres e crianças
brincando em uma creche. Os resultados surpreenderam os cientistas,
pois mostraram que os movimentos dos olhos dos gêmeos idênticos ao
encarar a cena foram iguais em 91% do tempo. No caso, dos gêmeos não
idênticos, a semelhança caiu para 35% e quando os dados de duas
crianças sem nenhum parentesco foram comparados não houve
coincidência alguma.
Isso
mostra que a genética é o fator determinante para a maneira como os
bebês interagem em suas primeiras experiências sociais como fazer
contato visual ou observar expressões faciais. O próximo passo da
pesquisa é descobrir que genes se manifestam no controle visual, e,
como essa é uma grande diferença entre as crianças autistas e as
de desenvolvimento normal, isso pode se tornar um campo de pesquisa
promissor para tratamentos do transtorno.
De
acordo com Alysson Muotri, diretor do programa de células-tronco da
Universidade da Califórnia em San Diego, a pesquisa comprova que
existe um componente genético muito forte na visualização de cenas
sociais e, como isso está fora de sincronia em autistas, é mais uma
evidência da significativa contribuição dos genes para essa
condição. “Como são diversos genes implicados no autismo,
descobrir exatamente quais estariam ligados a visualização social é
um desafio grande, mas importantíssimo para entender esse mecanismo
e, quem sabe, desenvolver tratamentos que sejam mais específicos
para auxiliar os autistas”, explica.
Por
Juliana Malacarne
Fonte:
Revista Crescer
Por Juliana Malacarne
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