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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Consciência Fonológica: contribuições para o aprendizado da leitura e escrita


Ao ingressar na escola, as crianças de forma geral, já apresentam uma certa competência no uso comunicativo da linguagem oral, apresentando um sistema fonológico adequado, um inventário fonético completo e bom desempenho sintático, semântico e pragmático, que lhes possibilita uma comunicação efetiva. Entretanto, ao entrar em contato com o código escrito, através da relação grafema-fonema, ou seja, precisa entender a relação arbitrária que se estabelece entre os sons que fala e a grafia que os representa. Isto requer uma certa capacidade de refletir sobre a linguagem, mais especificamente sobre os sons da fala.
Alguns autores definem o desenvolvimento da linguagem escrita como uma extensão do desenvolvimento da linguagem oral, uma vez que o alfabeto é uma representação gráfica da linguagem no nível de fonema.
Para que essa representação aconteça, é preciso que o aprendiz do código escrito já possa, de alguma forma e em algum nível, objetivar a palavra ou o enunciado, direcionar a atenção para sua estrutura, perceber seus segmentos (maiores ou menores) e manipulá-los de diferentes formas. Essa capacidade de percepção dirigida aos segmentos da palavra chama-se consciência fonológica, a qual é uma capacidade metalinguística, um conhecimento metafonológico, que se apresenta por meio da possibilidade de se focalizar a atenção sobre os segmentos sonoros da fala e identificá-los ou manipulá-los.
De uma atividade inconsciente e desprovida de intenção, essa capacidade evolui para reflexão intencional e atenção dirigida. A intencionalidade é sua característica principal. Essa capacidade também evolui da identificação de rimas e silabas para a possibilidade da identificação de elementos discretos (fonemas) que existem na fala, em um nível abstrato (consciência da natureza psicologicamente segmentada da fala).
Definição e formas de manifestação
A consciência metalinguística é definida como sendo as reflexões conscientes do falante e do ouvinte sobre alguns aspectos primários das atividades linguísticas como o falar e o ouvir.
Consciência fonológica é um subtipo da consciência metalinguística, esta é definida como capacidade de compreender a maneira pela qual a linguagem oral pode ser dividida em componentes cada vez menores: sentenças em palavras, palavras em silabas e silabas em fonemas. A capacidade de refletir sobre os sons da língua e manipulá-los requer habilidades como adição e deleção de sons, segmentação, discriminação de sons específicos em uma mesma palavra, apreciação de rimas, reversão silábica, memorização e sequencialização de sons além da correlação da imagem articulatória do som e de sua respectiva produção.
Assim sendo, quando se estuda o desenvolvimento da linguagem, é fácil perceber que, quando a criança começa o aprendizado formal do código escrito, já deve ter finalizado há algum tempo o desenvolvimento fonológico da linguagem oral, além de já usar corretamente as regras gramaticais da língua.
Desde os quatro anos de idade, a partir da estruturação de seu sistema fonológico e da possibilidade de produzir corretamente todos os sons da fala, a criança já demonstra eficiência na realização de algumas tarefas, as quais evidenciam sua capacidade, seja de reflexão sobre um enunciado, seja de manipulação da sua estrutura (silabas, rimas, palavras).
Essa capacidade metalinguística de realizar diferentes tarefas de segmentação da fala, quando associada ao conhecimento do alfabeto, pode possibilitar o aprendizado do domínio do código da escrita. Portanto, antes dos seis anos de idade, as crianças já apresentam bom desempenho em análise silábica (mas são praticamente incapazes de contar os fonemas de qualquer palavra).

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